Estudo sobre obesidade infantil

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Pesquisa realizada com crianças entre 9 e 11 anos de 12 países mostrou uma ligação entre diabetes e obesidade

Foto: Divulgação

Pesquisa publicada na Diabetologia, uma revista da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD), mostra um aumento do risco de obesidade na infância, com crianças com idade entre 9 e 11 anos, quando a mãe teve diabetes gestacional durante a gravidez. “A obesidade infantil aumentou dramaticamente, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos países em desenvolvimento. Os fatores ambientais pré-natais, perinatais e pós-natais têm impacto direto sobre a obesidade infantil. Alguns estudos descobriram que a exposição intrauterina ao diabetes gestacional (DMG) coloca os descendentes em risco aumentado de resultados adversos de longo prazo, incluindo a obesidade”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski.

Esta análise é baseada no em um estudo transversal multinacional realizado em centros urbanos e suburbanos em 12 países. O estudo inclui dados de 7.372 crianças, após a exclusão de crianças com dados incompletos, restaram 4.740 crianças. Entre os 12 países que participaram da pesquisa estão Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Finlândia, Índia, Quênia, Portugal, África do Sul, Reino Unido, e EUA.

O diabetes gestacional foi diagnosticado de acordo com os critérios do American Diabetes Association (ADA) ou da OMS. Altura e circunferência da cintura foram medidas, usando métodos padronizados. O peso e a gordura do corpo foram medidos utilizando um analisador de composição corporal portátil. A prevalência de diabetes gestacional relatada foi de 4,3%. A prevalência global de obesidade infantil, obesidade central e gordura corporal elevada foram de 12,3%, 9,9% e 8,1%, respectivamente. Os autores, em seguida, usaram um modelo de computador ajustado para vários fatores, como idade materna no parto, educação, modo de alimentação infantil, idade gestacional, número de irmãos mais novos, pontuações insalubres da dieta padrão da criança, atividade física de moderada a vigorosa, tempo de sono, tempo de sedentarismo, sexo e peso ao nascer. “O risco aumentado para as crianças de mães com diabetes gestacional em comparação com mães que não tinham diabetes gestacional foi de 53% para obesidade, 73% para  obesidade central, 42% para  gordura corporal elevada. A associação positiva ainda é significativa para  obesidade central (risco 54% maior) após ajuste adicional para o IMC materno atual, mas não foi mais significativa para a obesidade e para a gordura corporal elevada”, destaca o médico.

Os autores afirmam que: “os mecanismos pelos quais a exposição ao diabetes no útero aumentam o risco de obesidade dos descendentes não são completamente compreendidos. A exposição ao diabetes materno está associada com excesso de crescimento fetal intrauterino, possivelmente,  devido a um aumento da massa e da gordura fetal e das alterações nos níveis hormonais fetais”. Além disso, a exposição ao diabetes materno e aos níveis mais elevados de açúcar no sangue produz o aumento da insulina e da leptina na prole. O diabetes gestacional pode também influenciar a genética fetal, de forma a influenciar a expressão de genes que dirigem a acumulação de gordura corporal ou do metabolismo relacionado. “O estudo é o primeiro a avaliar a associação entre o diabetes gestacional e a obesidade infantil usando esses dados difundidos e multinacionais. O diabetes gestacional é associado a um aumento do risco de obesidade infantil entre as crianças com idades entre 9-11 anos de 12 países, mas esta associação não era totalmente independente do IMC materno”, observa o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.