Infectadas podem amamentar

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As mulheres infectadas com o vírus Zika devem continuar a amamentar seus bebês, já que não há provas sobre risco de transmissão. A recomendação foi feita nesta quinta-feira (25) pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Considerando as provas existentes, os benefícios do aleitamento materno para a criança e para a mãe ultrapassam qualquer risco de transmissão do vírus Zika através do leite materno”, considerou a OMS nas recomendações dirigidas às autoridades dos países afetados pela epidemia.

O vírus Zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, pode provocar a microcefalia – malformação do crânio que prejudica o desenvolvimento intelectual – quando a mãe é infectada pelo vírus durante a gestação, além da síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica que pode causar paralisia irreversível e morte.

A OMS lembrou que o vírus foi detectado no leite materno de duas mães contaminadas, mas esclareceu que “não há atualmente qualquer prova de uma transmissão de Zika para crianças através do aleitamento materno”.

A epidemia de Zika, que avança principalmente na América Latina, “pode piorar antes de melhorar”, alertou na última quarta-feira no Rio de Janeiro a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. A agência especializada em saúde das Nações Unidas estima uma propagação explosiva no continente americano, com 3 a 4 milhões de casos este ano. Atualmente não existe vacina.

Recomendação – A médica paraibana Adriana Melo, responsável por confirmar a associação do vírus Zika à microcefalia no Brasil, defendeu nesta quinta que as autoridades de saúde reforcem a orientação aos infectados pelo vírus para que fiquem em casa.

“Muitas pessoas que estão doentes vão trabalhar. Tem que pensar nessa orientação. Em caso de doença, essas pessoas têm que ser estimuladas a ficar em casa. Na Europa, por exemplo, uma pessoa gripada é aconselhada a ficar em casa para não passar o vírus adiante”, disse, durante sessão temática no Senado sobre o mosquito Aedes aegypti. 

O encontro reuniu parlamentares, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, e especialistas médicos e pesquisadores.

A especialista defendeu a melhoria da qualidade dos equipamentos de ultrassonografia e a capacitação dos profissionais que fazem o exame, que é um eficiente meio de detectar a microcefalia. “Em caso de dúvida, o diagnóstico é feito pela ultrassonografia durante a gestação. É possível fazer, mas tem que melhorar a qualidade dos aparelhos e capacitar o pessoal. São coisas simples e que barateiam muito a assistência aos pacientes”, afirmou.

Sobre as mães de bebês com microcefalia, Adriana Melo lembrou que os cuidados que elas precisam vão além dos médicos. “Há muitas mães carentes e outras que foram abandonadas pelos maridos. A maioria não tem condições de cuidar de suas crianças”.

Outro especialista, o vice-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Valcler Fernandes, afirmou que o esforço de enfrentamento ao mosquito depende de um esforço conjunto. 

“A gente só enfrenta isso com ciência, com ação do Poder Público, com ação da sociedade civil e ação individual. Quer dizer, trata-se de uma combinação perfeita, e nós precisamos alcançá-la. Não há outro modo de se fazer isso. No nosso caso, principalmente, ciência, pesquisa e estudos”, disse, acrescentando que a Fiocruz está propondo a realização de um seminário com especialistas do mundo inteiro sobre a questão.