Obesidade é o maior problema da AL

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O representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Rafael Zavalla, disse que o maior problema da América Latina atualmente não é mais a fome, mas a obesidade. Ele participou do 1º Fórum Regional das Cidades Latino-Americanas Signatárias do Pacto de Milão sobre Política de Alimentação Urbana, no Rio, na última semana. O encontro debateu políticas alimentares urbanas sustentáveis e inclusivas.

Para Zavalla, o desafio da obesidade é muito complexo devido a três fatores. O primeiro é a grande quantidade de alimentos ultraprocessados, que favorecem a obesidade; o segundo é o sedentarismo e o terceiro fator, mais grave, é um problema midiático: a promoção do consumo de alimentos “não bons”. Para ele, é preciso que haja o compromisso da sociedade civil, empresas e governos para focar nessas questões e tentar resolvê-las.

Em entrevista à Agência Brasil, Zavalla disse que o problema da fome persiste em alguns países, como a Guatemala, porém, regionalmente, o desafio é a obesidade. 

Para combater a obesidade, o representante da FAO destacou a estratégia da alimentação escolar feita no Brasil . “O Brasil é número um. Um grande exemplo a nível global para ir cultivando nas crianças como comer melhor, fomentando não só alimentação saudável, mas cultura alimentar, gerando também ambientes saudáveis para a alimentação e a educação”.

Concentração - O representante da FAO, disse que a obesidade está concentrada nas cidades. Dentre os dez países líderes da obesidade no mundo, quatro estão nas Américas, sendo dois na América Latina. A liderança é exercida pelos Estados Unidos, com 38,2%; seguido do México, com 32,4%; Canadá, com 25,8%; e Brasil (20,8%). 

México, Estados Unidos e Brasil são os países que concentram maior população urbana. Na América Latina, as maiores cidades estão no México e Brasil. “É claro o desafio da obesidade nas cidades”, disse Zavalla. 

Problema - O relatório Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe, divulgado pela FAO e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no ano passado, mostrava que a obesidade afetava um em cada quatro habitantes na região. De 2012 para 2016, a obesidade evoluiu 2,4%, afetando 24,1% da população regional. 

Entre os adultos, essa condição de saúde englobava 104,7 milhões de pessoas. Em todo o mundo, há em torno de 672 milhões de pessoas obesas, o que corresponde a mais de uma pessoa para cada oito indivíduos, informou a FAO.

Em 2017, o relatório da FAO e Opas já identificava tendência de crescimento da obesidade. Cerca de 58% da população latino-americana e caribenha estavam com sobrepeso, o que equivalia, à época, a 360 milhões de pessoas. Já a obesidade afetava 140 milhões de pessoas, 23% da população regional, com maior prevalência no Caribe: Bahamas (36,2%) Barbados (31,3%), Trinidad e Tobago (31,1%) e Antígua e Barbuda (30,9%).

As mulheres superam os homens no aumento da obesidade. Mais de 20 países da região latino-americana e caribenha revelam que a taxa de obesidade feminina era, em 2017, 10% maior que a dos representantes do sexo masculino.

Globalização - O chefe da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, alertou que está ocorrendo uma “globalização da obesidade”. Segundo a FAO, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo estão atualmente acima do peso e mais de 670 milhões são consideradas obesas.