PF: novo superintendente no Rio promete mais integração

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Jairo Souza, que deixou o posto, cumprimenta o sucessor. Transmissão do cargo aconteceu na sede da PF no Rio

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O novo superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, tomou posse nesta sexta-feira (20) e prometeu integração com órgãos de segurança púbica e polícias estrangeiras. A solenidade foi realizada na sede da superintendência, no centro do Rio de Janeiro, e contou com a presença do ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, e do interventor federal na Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, Walter Braga Netto. 

Entre as medidas, o novo superintendente prometeu a abertura de um posto de emissão de passaportes no Aeroporto Santos Dumont, além de um posto de atendimento aos estrangeiros. Outra ação anunciada por Saadi é a convocação de um gestor do Ministério do Planejamento para fazer uma análise de dados e resultados das ações da Polícia federal (PF) no Rio de Janeiro. 

O novo superintende elogiou o general Braga Netto por adotar ações de combate à violência no curto prazo e ações estruturantes nos órgãos de segurança estaduais. 

“A PF está à disposição para que possamos trabalhar juntos da melhor forma e da forma mais articulada possível”. 

Saadi também afirmou que buscará investir em tecnologia, digitalizando inquéritos que ainda hoje tramitam em papel, facilitando a comunicação com a Justiça e o Ministério Público.     

O diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, afirmou que o centro de cooperação internacional que abrigou órgãos de inteligência e polícias estrangeiras durante grandes eventos no Rio de Janeiro se tornará um centro de integração permanente. Atualmente, o local funciona como sede da Interpol no Rio e, em um primeiro momento, chegarão ao local para colaborar com representantes da Argentina, do Paraguai e da Bolívia.

Quem é – Ricardo Saadi ocupava o cargo de superintendente da PF no Rio Grande do Sul e, de 2010 a 2017, foi diretor no Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça. Ele substituiu Jairo Souza da Silva, que ficou pouco mais de um ano à frente da superintendência fluminense da PF, período no qual operações importantes prenderam ex-governadores, ex-presidentes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.

O novo superintendente ingressou na PF como delegado em 2002 e é formado em direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde também concluiu o mestrado e o doutorado em Direito Político e Econômico. Saadi também cursou graduação em ciências econômicas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Troca de informações - Na solenidade também foi assinado um acordo de cooperação com o Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran-RJ). O acordo marca a entrada da PF como órgão participante do Portal da Segurança do Estado do Rio de Janeiro, para facilitar o intercâmbio de informações.

O acordo foi assinado pelo general Richard Nunes, secretário estadual de Segurança Pública, o diretor-geral da PF, Rogério Galloro, e o vice-presidente do Detran-RJ, André Luiz Mônica e Silva.

MPs devem liberar recursos para o setor

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, informou nesta sexta, que duas medidas provisórias que tratam de recursos para a área de segurança pública devem ser publicadas na próxima semana. Segundo o ministro, uma das medidas trará recursos novos “vultosos” para a pasta e a outra definirá recursos previsíveis e carimbados para a segurança pública.

“Essas medidas provisórias devem estar saindo na semana que vem, e teremos recursos novos. Não me pergunte o valor, porque cabe ao presidente da República dizer isso. E vamos ter também, daí para frente, recursos carimbados que darão a previsibilidade orçamentária”, disse, na solenidade de  posse do novo superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saad. 

O ministro Jungmann explicou que os recursos novos serão repassados aos estados por meio de contratos de gestão, com metas de resultados como redução de índice de mortalidade, melhoria na formação dos policiais, fornecimento de dados hoje indisponíveis e a criação de corregedorias independentes para as polícias.

Apesar de não revelar quanto será liberado pelas MPs, o ministro adiantou que cerca de R$ 230 milhões a R$ 250 milhões serão destinados à Polícia Federal, para aprimoramentos da estrutura e equipamentos. 

“O dinheiro vai ser liberado assim que o Congresso Nacional aprovar a medida provisória, que terá prioridade, segundo articulações que temos mantido com o presidente da Câmara [dos Deputados], Rodrigo Maia, e o presidente do Senado, Eunício Oliveira”.

Intervenção federal – Em seu discurso, o ministro Jungmann afirmou que a intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro já produziu resultados que podem ser comemorados, como mudanças no treinamento de policiais e reequipamento das corporações.

O ministro comentou a prisão de mais de 150 pessoas em uma festa que supostamente teria sido organizada por uma milícia na zona oeste do Rio de Janeiro. Grande parte dos presos não tinha antecedentes criminais, mas Jungmann disse que, apesar disso, não houve exageros na prisão.

“Esses que não tinham antecedentes criminais precisam explicar o que estavam fazendo lá, em uma festa de milícia, em uma festa de bandido. Para mim, não ter antecedentes criminais não quer dizer que eles possam ser liberados”.

O ministro alertou que as autoridades têm “prendido muito e prendido mal”, porque, segundo ele, jovens que cometeram crimes como roubo e furto e sequer foram condenados formam grande parte da população carcerária do país, que já é a quarta maior do mundo.

“Temos uma realidade prisional que é uma tragédia. Se é a juventude que está sendo levada, então, nós, sociedade, todos nós, somos os recrutadores dos soldados do crime organizado. Porque se o sistema penitenciário é controlado pelo crime organizado, e nós estamos jogando centenas de milhares de jovens nesse aparelho, evidentemente somos gerentes de recursos humanos desse recrutamento”.