Tende a piorar

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Entre março de 2011 e novembro de 2015, na guerra da Síria morreram 256.124 pessoas; no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2015, no Brasil foram mortas 279.592 pessoas.

No total de mortes violentas intencionais, em 2015 foram contabilizados 58.492 óbitos e, entre 2009 e 2015, foram registrados 17.688 pessoas que pereceram em razão de intervenção policial.

Finalizando com os números, no ano de 2015 enquanto 3.345 foram vítimas de ações policias, outros 393 policiais foram mortos. No entanto, ainda que mártir de seu próprio discurso, parece que a população aprova esse tipo de resultado, considerando que 57% das pessoas acreditam que “bandido bom é bandido morto” (fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública – 2016).

Todavia, apesar de um desmedido senso comum, ainda se deve perguntar, quem realmente acredita nessa “guerra”? A quantidade de mortos revela, por mais que ela venha se prolongando, que seus haveres são pífios e catastróficos, enquanto a violência crescem em espiral incontrolável. Afirmamos, que na ausência de políticas ajustadas ao quadro, este tende e se agravar em consequências, ao mesmo tempo que os resultados positivos continuarão cada vez menos significantes.

Por outro lado, qual policial tem certeza de sua volta para casa todos os dias ou tem tranquilidade para conviver com sua família, qual tem a certeza que não será alvo de vinganças ou maldades? Nessa troca de cadáveres, os “homens da lei” estão sendo mortos na proporção três vezes maior quando estão fora do serviço que durante ele, não há um lugar “fora do campo de batalha”.

Considere-se ainda, da mesma fonte, que 59% da população tem medo de ser vítima da violência da Polícia Militar e 53% de igual forma da Polícia Civil.

A quem a polícia protege, ao Estado e seus interesses ou aos cidadãos? A distância entre ambos cada vez mais se alarga diante das práticas violentas de uma policia mal preparada, remunerada e educada. Nesse compasso de proteções indevidas e seletivas, 70% das pessoas acham que as polícias exageram no uso da violência.

Assim, como esperar apoio do cidadão, quando este é confundido e destratado no momento das atividades policiais e nivelado como seu inimigo, principalmente nas comunidades menos favorecidas, onde no final a regra vira torcer contra o “mocinho” da história, que além de representarem a ausência do Estado às suas necessidades essenciais, ainda expressa hostilidade contra seus moradores.

A verdade é que tirando o medo, provocado pela mídia ou reais agressões em algumas esquinas, nem mais se sabe porque se guerreia, não dá para acreditar que seja por conta da preservação de vidas. Que guerra é essa, que em contradição discursiva ceifa vidas, em nome de vidas que alega pretender salvar, pura incoerência!

Os números estão postos, crescem a cada ano, e a cada nova divulgação se expressam indignações, porém, em termos alternativos nada se faz, é sempre mais do mesmo, ao que tudo nos afiança dizer que tende a piorar.