Acidentes na rota do voo livre na Região Oceânica de Niterói

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Segundo vizinhos da área de pouso no Cafubá, muitos acidentes costumam acontecer na hora da descida

Evelen Gouvêa

Acidentes com parapente próximos à área de pouso de voo livre, no Cafubá, na Região Oceânica, têm assustado moradores da região. Em alguns casos, os praticantes do esporte perdem o controle do parapente e vão parar em cima de casas e terrenos. Apesar do problema acontecer há anos, eles afirmam que as quedas têm se intensificado ao longo dos últimos meses. De acordo com o presidente do Clube Oceânico de Voo Livre (COVL), Dráuzio Machado, o problema está na falta de autorização de voo nas pistas do Parque da Cidade, recurso já pedido pela organização.

Morador da área há 10 anos, o advogado aposentado Paulo Borba, 75, foi surpreendido há alguns meses com um parapentista em seu quintal. O homem teve ferimentos leves e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros. Por sorte, os cachorros não estavam soltos.

“Eles caem em cima de casas, quebram telhas, arrebentam fios, não têm controle. Além das diversas quedas, os voos são rasantes demais, é uma invasão de privacidade. Um dia estava andando na calçada e quase caíram em cima de mim”, comentou.

Outra moradora, a aposentada Maria Aparecida Gonçalves Dutra, 69, que mora ainda mais próximo da área, contou que no dia em que um deles caiu no telhado da casa vizinha, ela estava no quintal com a neta. Seu medo é que, a qualquer dia, elas sejam machucadas. Em outras vezes, praticantes já ficaram presos em árvores e coqueiros. 

Segundo Dráuzio Machado do COVL, o aumento nos acidentes pode ser explicado pelo crescimento do número de saltos no Parque da Cidade. A maioria deles, afirma o presidente, de pessoas que não estão familiarizados com as pistas. Instrutores explicam que a rampa sul – em direção à Região Oceânica – é mais indicada para quem já possui experiência no esporte por conta da direção do vento, porém, pessoas ainda no início da prática se aventuram no salto. 

No local, há uma placa antiga solicitando que, antes do salto, a carteira de aptidão no esporte seja apresentada. Porém, instrutores afirmam que o aviso é antigo e não há para quem apresentar o documento ou meios de se proibir o salto por ser área pública. 

“Nós tentamos avisar sobre a condição do voo, perguntamos a qualificação, mas nem sempre somos bem recebidos. E quando não estamos? Essa fiscalização é necessária”, pontuou o instrutor de voo do local há 9 anos, André Pacheco, conhecido como Wolverine.

O ideal, na visão da organização, seria autorizar previamente, de acordo com a graduação do praticante, cada salto realizado no local, como acontece na pista de São Conrado, no Rio. A categoria disse que já solicitou há anos a medida e aguarda a resolução da prefeitura para dar início à fiscalização. 

“O esporte cresceu muito, assim como o lugar, mas alguns não respeitam a decolagem. Não podemos coibir o voo por ser um espaço público, mas já solicitamos o ‘mando de rampa’, assim, só autorizamos voar quem é habilitado. Eles já aprovaram, mas aguardamos ainda a assinatura de outros órgãos”, afirmou Machado. 

Sobre os riscos apontados pelos moradores com a mudança da rota de tráfego da região, o presidente disse que a área de pouso foi aumentada após as obras da TransOceânica, e agora é melhor cuidada e não oferece riscos para quem está apto ao salto. 

Procurada, a Prefeitura de Niterói informou que  vai entrar em contato com o clube de voo regulamentado pela confederação competente, que tem como requisito o cumprimento de normas de segurança para prática da modalidade, para esclarecimentos sobre o que foi relatado pelos moradores. 

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