Ambientalistas do Projeto UÇÁ, que atua em diversas ações socioambientais na Área de Proteção Ambiental de Guapimirim (APA de Guapi-Mirim) e Estação Ecológica da Guanabara (ESEC Guanabara), ambas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) do Ministério do Meio Ambiente, estão buscando identificar o nome e procedência da empresa fabricante de um banheiro químico encontrado dentro do manguezal,na APA. Bem novo e ainda intacto, o banheiro foi achado durante a Operação LIMPAOCA, ação de Limpeza de Manguezal, no lado Leste da Baía de Guanabara.
O grupo pretende notificar a empresa para que assuma a responsabilidade ambiental pelo fato do banheiro ter ido parar numa área de proteção, considerada santuário e berçário de vida da Baía de Guanabara. Leis federais e estaduais obrigam fabricantes de determinados produtos e se estruturarem e zelarem para diminuir o impacto ambiental ou dano que os mesmos possam causar ao ecossistema. O próprio despejo de lixo de forma incorreta, independente de qual seja, já é uma infração ambiental sujeita a diversas penalidades como avaliam os ambientalistas.
O Projeto UÇÀ, que conta com o patrocínio da Petrobras por intermédio do Programa Petrobras Socioambiental, já reflorestou 182.000 m² de área de manguezal dentro da APA de Guapi-Mirim em parceria com o ICMBio e a Cooperativa Manguezal Flumine
O balanço da última operação em janeiro deste ano registrou a retirada de 7 toneladas de lixo somente de uma pequena área do mangue das áreas protegidas.
“São mais de 50 rios desembocando no espelho d’água da Baía de Guanabara que despejam milhares de resíduos diariamente. São mais de 10 milhões de pessoas em 15 municípios que, de forma direta ou indireta, acabam contribuindo para diminuição da qualidade ambiental e estética desse belíssimo ambiente. Ao buscarmos identificar o fabricante da cabine e tentar fazer com que repare o dano, estaremos também dando exemplo e mostrando que a sociedade como um todo e as empresas, têm e devem exercer o seu papel para defender esse ecossistema e a Baía de Guanabara. Cada um tem que fazer sua parte. Queremos que isso sirva como exemplo”, diz Pedro belga, Coordenador geral do Projeto UÇÁ.
Pneus, computadores, garrafas plásticas e uma série de outros materiais estão sendo recolhidos durante a operação e serão descartados corretamente. Segundo os biólogos e ambientalistas que atuam nos projetos, o lixo impede que inúmeras espécies se reproduzam e voltem à Baía de Guanabara completando importante cadeia do ecossistema.
“Nós infelizmente estamos acostumados a encontrar todo tipo de lixo em nossos manguezais, mas este caso do banheiro químico é um pouco mais chocante por ilustrar muito bem como parte das empresas, poderes públicos e sociedade em geral ainda tratam a baía de Guanabara: como um depósito de lixo e esgoto. É preciso urgentemente reverter esta realidade tão ultrapassada ”, afirma Klinton Senra, gestor da ESEC da Guanabara.
Importância da ESEC
A ESEC Guanabara é uma Unidade de Conservação federal criada em 2006 com 2.000 hectares localizados em parte dos municípios de Guapimirim e Itaboraí. É a área mais conservada de toda a Baía da Guanabara apresentando características ecológicas compatíveis com manguezais isentos de intervenção humana agressiva. É a ultima área da Baía da Guanabara a apresentar características cênicas semelhantes às encontradas no período anterior à colonização europeia. Também compõe o maior trecho de manguezal contínuo do estado do Rio de Janeiro, abrigando centenas de espécies, sendo algumas ameaçadas de extinção na região.
Manguezal - Berçário de Vida
O Manguezal é um ecossistema de grande importância ecológica, social e econômica. Mas, mesmo possuindo grandes valores, ele se encontra em elevado estado de degradação, em especial, na região da Baía de Guanabara, local que sofre severos impactos ambientais, como: desmatamentos, depósito de lixo e entulho, lançamento de esgotos domésticos e industriais sem qualquer tratamento, trazendo graves consequências ao meio ambiente como a diminuição da biodiversidade local e de suas funções ecológicas, decréscimo da qualidade ambiental, aumento dos processos erosivos e empobrecimento do aspecto visual Guanabara.