Destruição Criativa

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Existe um fenômeno na economia denominado “destruição criativa” que basicamente significa: se uma tecnologia nova aparece e substitui a que antes era dominante, começa um novo ciclo. Mais tarde, quando essa tecnologia se tornar obsoleta o seu monopólio também será quebrado por outra novidade que, por ventura, venha a surgir.  

Esta teoria econômica sobre o capitalismo foi concebida pelo austríaco Joseph Schumpeter: “ciclos de inovação produzem vencedores e perdedores.” Nessa perspectiva, pode-se trazer alguns exemplos como: o surgimento do CD destruiu a maestria do disco de vinil, assim como as câmeras digitais reduziram o poderio das empresas que revelação fotografias.  

Essa destruição criativa também é percebida no âmbito da mobilidade. Ciclos de hegemonia dos modos de se locomover se modificaram ao longo dos anos.  

No Brasil, o transporte coletivo detentor de maior parcela de utilização nas cidades é o ônibus, todavia, esse modal de transporte nem sempre foi dominante tal como conhecemos atualmente.  

O primeiro ônibus no Brasil surgiu em 1817. Era movido por tração animal, tinha quatro rodas e era puxado por quatro cavalos ou mulas. Contudo, existiam outros tipos de transportes como a carruagem, cabriolés e tíbures.  

Em 1837, o Visconde de Sepetiba fundou a Companhia de Omnibus. Os veículos eram mais modernos e cada passagem custava 100 réis. O sucesso desses ônibus foi tão grande que os proprietários dos demais meios de transportes protestaram. Eis que surge a primeira destruição criativa na esfera de transporte. 

A ascensão do ônibus foi interrompida pelo surgimento do Bonde em 1868, pela companhia canadense Light S/A (que explora até hoje a distribuição de energia elétrica), tornando-se monopolista do transporte na cidade do Rio de Janeiro durante 40 anos. Uma nova tecnologia substituindo a antiga, mais um caso de destruição criativa.  

O ônibus movido à gasolina (auto-ônibus) surgiu no Brasil em 1908, três anos após circular pela primeira vez em Paris. Essa nova tecnologia motorizada, somada ao fato que os bondes não evoluíram no tempo, iniciou mais um processo de destruição criativa até a paralização total da circulação dos bondes no Rio de Janeiro.  

É claro que não foram mencionado os demais tipos modais de transportes, como o ferroviário e metroviário, de igual forma a história dos transportes é bem mais complexa, mas da ideia dessa exposição extraímos a seguinte conclusão: mobilidade e acessibilidade não se restringe apenas aos temas de planejamento urbanísticos, temas como a economia, artes e direito também permeiam e influenciam nosso modo de locomover.

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