Três famílias foram despejadas e tiveram suas casas demolidas nesta terça-feira (23), na Aldeia Imbuhy, no Complexo de Fortes do Exército, em Jurujuba. As 32 famílias que moram na Aldeia receberam uma ordem de despejo decretada pelo Superior Tribunal de Justiça e os moradores têm um prazo de 88 dias para deixarem seus imóveis livres. Segundo o Comando Militar do Leste, o exército só está oferecendo suporte ao mandado da Justiça para a retirada dos habitantes do Imbuhy.
O morador André Luiz Corrêa, que teve a sua casa demolida, disse que recebeu esta semana o documento que lhe dava um prazo de 60 dias para deixar o imóvel. “Uma hora após sair de casa para ir trabalhar, fui surpreendido por uma ligação da minha tia dizendo que os militares estavam invadido o meu quintal e forçando a entrada pela porta”, indagou.
Ailton Nageva, presidente da Associação dos Moradores, espera que pelo menos o Exército respeite o prazo determinado pela Justiça. “Os moradores que tiveram suas casas demolidas ainda estavam dentro do prazo. Sequer houve um aviso prévio para que essas famílias procurassem outro lugar. Durante a ação, os próprios moradores foram impedidos de entrar em suas casas para retirar seus pertences, e quem estava no local foi impedido de sair enquanto os militares recolhiam os objetos das casas e guardavam dentro de um contêiner”, afirmou.
O vereador Leonardo Giordano (PT), que criou um projeto de lei, já publicado no Diário Oficial, que tomba a Aldeia Imbuhy, condenou a decisão e a retirada das famílias.
“Todos os vereadores de todas as bancadas estão unidos contra essa remoção. Houve um acordo no passado afiançado pelo ex-ministro da Defesa Nelson Jobim que não foi considerado hoje. Essas famílias estão sendo despejadas sem indenização e sem alternativa”, informou Giordano, ainda acrescentando que na companhia dos vereadores Paulo Eduardo, Henrique Vieira, Renatinho do Psol e Bruno Lessa se reuniram com o juiz federal William Douglas na tentava de suspender a liminar.
O deputado federal Chico D`Angelo (PT), que recentemente se reuniu com o Ministro da Defesa Jaques Wagner, disse que a luta irá continuar.
“Não vamos desistir. Continuo me articulando em Brasília para tentar evitar o despejo das outras famílias que vivem na Aldeia do Imbuhy”, informou.
Segundo o Comando Militar do Leste, o processo já havia sido julgado no dia 27 de abril de 2015 e que só está sendo cumprido o que foi estipulado. Ainda de acordo com o Exército, foram oferecidas às famílias, tratamento psicológico, apoio médico e Assistência Social.
Em nota a prefeitura esclareceu que a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos está prestando assistência às famílias e disponibilizou um abrigo para acolher as pessoas que não tiverem casas de parentes ou amigos para ficar.
(Com Márcio Bulhões)