Após os danos causados pela forte chuva que atingiu Niterói, na noite tarde e noite de segunda-feira, moradores da Zona Norte da cidade ainda tiveram que conviver com novos episódios da guerra entre criminosos que disputam o controle do tráfico em comunidades da região. Segundo relatos de moradores, várias comunidades ficaram sem energia elétrica e isso fez com que houvesse uma movimentação dos traficantes para aproveitarem a situação e atacar seus rivais.
Mas a escuridão que favorecia o ataque à facção rival também prejudicava a defesa das áreas dominadas. Nas redes sociais, moradores relataram que criminosos armados circulavam em motocicletas de um lado para o outro, deixando a população, já preocupada com possíveis danos causados pela chuva, com medo de confrontos.
Segundo uma atendente que mora em uma rua que fica entre duas comunidades, os tiroteios não foram intensos como nos confrontos que ocorreram na semana de carnaval, mas ouviu disparos constantes durante toda a madrugada.
“Começou ainda de noite e adentrou a madrugada. Eram uns tiros agora, vindos de um lado, depois mais tiros depois de meia hora, do outro lado. Às vezes parecia vir da Vila Ipiranga, outras da Coronel Leôncio. Embora não tenham sido rajadas, foi o suficiente para tirar o sono”, relatou.
Um aposentado que mora próximo da Vila Ipiranga disse precisou ir buscar a sua filha para que ela não tivesse que passar pela escuridão na rua. “Muitos homens andando armados de moto por todos os lados. Isso pode ser comum no interior da comunidade, mas eles estavam fazendo isso na Rua Tenente Osório, ao lado da delegacia. Os traficantes estão cada vez ousados”, contou.
Ontem pela manhã, novos tiros foram ouvidos e criminosos foram vistos andando armados na Rua Daniel Torres, uma das principais entradas da Coronel Leôncio, com ligação para a Avenida João Brasil.
O comandante do 12º BPM (Niterói), o coronel Fernando Salema, afirmou que não conseguiu fazer uma operação ontem na comunidade por conta da forte chuva, que ocupou os trabalhos da polícia com chamados para ocorrências referentes aos estragos causados pela chuva.
“Aquelas comunidades são ligadas a facções rivais e estão muito próximas, principalmente a Coronel Leôncio, que fica no meio de um complexo na Engenhoca, de uma facção, e outro no Fonseca, ligado a outra facção. Eles ficam dando tiros espaçados e sem local preciso”, relatou.
São Gonçalo – Moradores do Complexo da Alma, na Amendoeira, em São Gonçalo, também estão vivendo uma guerra pelo controle do tráfico. Com a morte do traficante Leone, o irmão do Levi da Alma, criminosos da mesma facção ao qual os dois eram ligados iniciaram uma guerra para saber quem será o novo chefe do tráfico na comunidade.
Disputam o comando da favela dois grupos: um quer liderar a venda de drogas na comunidade, já o outro quer fortalecer os soldados do crime para impor uma guerra com outras facções para tomar o controle da comunidade vizinhas.