Faltando menos de 20 dias para o Natal, as famílias de quatro blocos do condomínio Bela Vida I, no bairro do Arsenal, em São Gonçalo, ainda não sabem se vão poder passar os festejos de fim de ano em suas casas. Desde a última sexta-feira, dia 2 de dezembro, os blocos 5, 6, 7 e 8 do conjunto habitacional estão interditados por decisão judicial da 2ª Vara Federal de São Gonçalo. No final de outubro, esses mesmos blocos foram interditados depois que um muro de contenção do conjunto habitacional - que faz parte do programa “Minha Casa Minha Vida”, da Caixa Econômica Federal - desabou e matou um operário.
A Defesa Civil foi intimada pela Justiça, através de mandado urgente, a manter a interdição até que outra ordem judicial seja emitida. De acordo com a decisão, a Defesa Civil identificou a “existência de indícios de ameaça à integridade física de pessoas e bens”. Desde então, os moradores dos 80 apartamentos estão sem previsão de retorno para casa.
O porteiro João Carlos Batista, de 30 anos, acabou de ser pai. No mesmo dia em que aconteceu a interdição, nasceu a filha Joana. Até a manhã desta terça-feira (6), o morador do bloco 7 vem contando com a ajuda da família para não ficar desabrigado, uma vez que, segundo ele, a Caixa Econômica não tomou providências para realocar os moradores dos prédios.
“Não posso ficar com minha filha de 4 dias de nascida ao relento, na chuva, e não posso ir para um hotel. Se não fosse a ajuda de parentes, não sei o que faríamos”, relatou.
O mecânico Fernando Henrique Sodré, de 23 anos, mora no apartamento 301 do bloco 6, junto com a mãe, o irmão e o padrasto. Antigo morador do bairro Jardim Catarina Velho, ele está há cerca de 3 anos no Bela Vida.
“Desde a interdição, estamos na casa de familiares. Minha cozinha tem um monte de rachaduras. Não nos sentimos seguros para voltar para o apartamento”, disse.
De acordo com a Prefeitura de São Gonçalo, a Caixa Econômica Federal não cumpriu exigências do laudo. O poder municipal informou, ainda, que a responsabilidade pelo abrigo para os moradores é do órgão federal.
Procurada, a Caixa Econômica Federal informou que tomou conhecimento da nova interdição na segunda-feira e, como de praxe, adotará as medidas cabíveis.