Mancha avermelhada atinge praias da Região Oceânica

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Mesmo com as manchas na água, banhistas não deixaram de entrar no mar de Itacoatiara e Piratininga

Evelen Gouvêa

Quem decidiu ir à praia na Região Oceânica de Niterói nesta terça-feira (4) ficou surpreso com uma mancha avermelhada no mar. Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o fenômeno é resultado de uma espuma que se forma na Baía de Guanabara devido ao movimento da maré e não há risco para a saúde dos banhistas. 

Agentes do Inea vistoriaram a praia de Piratininga e constataram que o fenômeno que chamou a atenção dos banhistas acontece por causa da espuma que se forma na Baía de Guanabara quando há remeximento da água, no encontro com os costões rochosos. 

“A matéria orgânica da água forma essa espuma quando sofre turbilhonamento pelas condições oceanográficas. Ela se inicia com a cor branca e entra em decomposição natural, tornando-se amarelada até desaparecer quando o mar se acalma. Não há risco para os banhistas”, informou o órgão, através de nota.

A bióloga marinha Luiza Perin, que tem uma escola de canoa havaiana em Itaipu e rema na região quase todos os dias, disse que o mar está sujo.

“Existe a possibilidade de estar acontecendo uma bioacumulação, que é o aumento da densidade de um poluente quando ele passa da água para um organismo marinho – neste caso, as algas. Mesmo assim, acho cedo encerrar o assunto alegando ser proliferação de algas por conta da poluição”, analisou a bióloga.

Ela afirma que o caso deve ser pesquisado a fundo pelos órgãos competentes.

“Além de prejudicar a balneabilidade das praias oceânicas de Niterói, o fenômeno pode, a longo prazo, interferir na qualidade da pesca artesanal – atividade de grande importância para a Reserva Extrativista Marinha de Itaipu – e na biodiversidade marinha da região”, informou.

Mesmo com as manchas na água, as praias de Itacoatiara e Piratininga receberam banhistas e surfistas que não se importaram em entrar nas águas para afastar o calor, que segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (InMet) chegou à máxima de 32°C.

Morador de Itaipu e frequentador assíduo de Itacoatiara, o técnico de segurança do trabalho Wilson Santos Rosa, de 54 anos, disse que o fenômeno ocorre geralmente quando o mar está de ressaca. 

“Sempre que o mar está de ressaca, ele bate com mais força na rochas e acabara removendo muitas algas que ficam nelas. Mas acredito que os navios que passam por aqui ajudam a poluir o mar e deixam as águas com uma coloração ainda mais escura”, disse.

Em Piratininga, o encanador Fabrício Martins, de 43 anos, garante que a cor avermelhada não prejudica o banho de mar.

“De vez em quando a cor fica assim mesmo. Há muitos anos eu entro na água com essa cor e nunca tive nenhum problema de saúde e nem de pele. Não acho que isso tenha relação com a poluição, pois toda noite há uma equipe de limpeza da Companhia de Limpeza de Niterói, recolhendo o lixo que alguns frequentadores ainda insistem em deixar na areia”, disse.

Com André Luiz Coutinho

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