Após três acidentes envolvendo ciclistas em apenas 48 horas, o coletivo Pedal Sonoro criou um abaixo-assinado que já conta com mais de 1,5 mil assinaturas para cobrar da Prefeitura a instalação de uma conexão cicloviária na Av. Marquês do Paraná, ligando Icaraí ao Centro de Niterói. O documento exige intervenções imediatas no trecho para garantir a segurança de quem trafega pela via.
A Prefeitura havia previsto um ciclovia para o local, junto o alargamento da Marquês do Paraná, porém a obra foi suspensa pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJRJ). Atualmente há ciclovia nas avenidas Roberto Silveira e Amaral Peixoto, porém, na Marquês do Paraná, via de ligação entre elas, não há espaço para os ciclistas. O Pedal Sonoro pede o retorno dos cones para delimitar o espaço para os ciclistas no contra-fluxo.
“O Executivo prometeu uma solução em 2015, quando foi testada a ciclofaixa no contra-fluxo, que funcionou muito bem para nós, usuários, mas foi encerrada um tempo depois sem explicação”, reclama o integrante do grupo, Luís Araújo. Segundo ele, de lá para cá foram muitas vítimas de acidentes.
Para a especialista Paola de Andrade Porto, mestre e doutoranda em Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e, presidente da Comissão de Acompanhamento e Estudos da Legislação de Trânsito da OAB - Niterói, a Prefeitura tem que dar uma solução para os ciclistas enquanto a obra da ciclovia não sai do papel.
“Tem que separar uma área para o ciclista, colocar os cones por toda a Marquês novamente e garantir que o agente de trânsito fiscalize a ação. Eles não podem optar por dar a volta pela orla ou pela Rua Fagundes Varela, de altos e baixos, no Ingá. Para transitar entre Icaraí e Centro, tem que ser a Marquês. Enquanto não tiver respeito, a omissão da administração pública em relação a questão é punitiva para os ciclistas, tem que criar mecanismo”, declarou, informando que a OAB-Niterói mandará um ofício à Prefeitura solicitando também que a segurança no local seja garantia, para evitar novos acidentes.
Na última quinta-feira (8) a advogada Paola Fernandes Barrozo, 34 anos, foi atropelada por um ônibus da Viação Ingá (31 Beltrão - Ponta da Areia) quando voltava do trabalho, no Centro, para sua casa, em Icaraí. Segundo ela, após a curva da Rua Doutor Celestino, já no início da Marquês do Paraná, o coletivo avançou o sinal e bateu em sua bicicleta.
“Sempre passo por esse caminho e sempre tive medo. No dia, não tinha como dar passagem para o ônibus e também não pude desviar pela calçada, pois os tapumes da obra na esquina atrapalharam. Quando o motorista me pressionou na calçada caí e bati com a cabeça e o corpo na lateral do ônibus até o ponto em que fui arremessada junto com a bicicleta para debaixo do coletivo. Por milagre as rodas passaram apenas por cima da bike”, relembra a ciclista, atendida no hospital com um corte na cabeça, ferida nas costas e escoriações pelo corpo.
No último sábado (10), mais dois ciclistas foram vítimas da falta de uma ciclovia no local. Em publicação nas redes sociais, Tairyne Moura contou que trafegava de bicicleta pela via no sentido Centro quando foi atropelada por um veículo. Ela levou seis pontos no joelho direito. Um outro acidente resultou em danos apenas na bicicleta.
A ciclovia foi prometida como parte do projeto de alargamento da Marquês do Paraná, que começaram em dezembro com objetivo de melhorara mobilidade na região, com a criação de mais duas pistas na via, além da ciclovia que ligará Icaraí ao Centro. As obras são parte da Operação Urbana Consorciada (OUC), que prevê investimentos na região através da iniciativa privada, com a construção de um shopping. Entretanto, segundo a Prefeitura de Niterói, o projeto está suspenso por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio.
A Prefeitura ainda não se posicionou sobre medidas provisórias que podem ser adotadas para garantir a segurança de ciclistas no trecho enquanto as obras de alargamento estão paradas.