Aguardada há mais de 40 anos, a TransOceânica é o maior projeto de mobilidade urbana da história da cidade, que fará a ligação entre os bairros do Engenho do Mato e Charitas. Porém, apesar da obra ter saído do papel, moradores da Avenida Conselheiro Paulo de Melo Kale, no Cafubá, reclamam da falta de acessibilidade da via durante das obras para a implantação do BHLS (Bus with High Level of Service - sigla em inglês para “Ônibus de Serviço de Alto Nível”) na região.
Os moradores alertam que, no local – que ainda está em fase de obras – não há sinalização e nem faixa para travessia de pedestres e cadeirantes. Além disso, em certas partes da avenida, as calçadas são extremamente curtas a ponto de moradores terem que disputar espaço com postes, impossibilitando a passagem de cadeirantes e até mesmo de pedestres.
No dia 30 de maio deste ano, baseado na lei 3.005/13, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou que todos os postes instalados em calçadas com menos de dois metros de largura sejam retirados em até 360 dias, demonstrando que as calçadas da Avenida Conselheiro Paulo de Melo Kale estão em desacordo com a lei.
“Parece que a obra aqui na rua só é feita pra servir aos carros e aos ônibus, porque os moradores e os ciclistas não têm espaço. Nessa região residencial, duas coisas deveriam ser essenciais: ponto de ônibus e ciclovia, mas não tem. Eu só andava de bicicleta, agora ficou mais complicado. Olha o tamanho minúsculo da calçada, parece que deficiente não existe no Cafubá”, afirmou Roberto Adão, professor de 62 anos.
A estudante Carina Sanguedo, de 27 anos, reclamou do perigo que enfrenta todos os dias para atravessar a rua.
“Os órgãos competentes têm que tomar uma medida pois está muito ruim para atravessar aqui. Poderiam colocar uma faixa, uma pequena passarela... Algo precisa ser feito para acabar com o perigo dessa travessia. Existem duas escolas aqui, sempre tenho que tomar muito cuidado com os meus filhos na hora de atravessar. Parece que só estão pensando no percurso, não nos moradores da rua”.
Já Nilton Costa, que trabalha na avenida, afirmou que presenciou um acidente neste domingo devido aos problemas de sinalização na obra.
“Nesse domingo, um rapaz que trabalhava comigo morreu num acidente por causa da falta de sinalização dessa obra. Ele vinha de moto no cruzamento e um carro acabou colidindo com ele”.
“Não desaprovo que a obra seja feita, só acho que ela deveria ser feita com um planejamento melhor”, concluiu o técnico de eletrônica de 33 anos.
Procurada, a Prefeitura de Niterói informou que serão implantadas medidas adicionais de sinalização na região, como redutores de velocidade, fiscalização eletrônica através de pardais, sinalização horizontal para alerta e mais um semáforo. Em relação aos postes na calçada, a administração municipal informou que seguirá dialogando com a concessionária de energia para garantir o cumprimento da decisão judicial.