Niterói tem áreas destinadas ao grafite

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A artista Lia Alves criou um rosto de uma mulher em Camboinhas

Foto: Marcelo Feitosa

A Prefeitura de Niterói vai disponibilizar, a cada seis meses, locais para que os artistas urbanos da cidade possam criar seus desenhos. A lei, de autoria do vereador Leonardo Giordano, data de 2013 e autoriza a pintura em pilares de viadutos, pontes, passarelas, pistas de skate e muros públicos selecionados, mas só agora o Executivo disponibilizou as áreas onde os grafites poderão ser feitos.

De acordo com a Prefeitura, estão liberados para grafite os muros da sede da Secretaria de Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconser), na Rua Visconde do Rio Branco, 11, na Ponta da Areia; a contenção de fechamento do viaduto da Ary Parreiras, próximo à esquina com a Alameda João Batista, em Icaraí; e as paredes sob as pontes da passagem de nível dos estacionamentos públicos de Camboinhas, na Rua Doutor Geraldo de Melo Ourivo.

Segundo Leonardo Giordano, a lei que determina a liberação da prática do grafite é pioneira.

“A lei gera demanda e o poder público passa a ter uma obrigação com os grafiteiros. A cada seis meses, a Prefeitura terá que disponibilizar aos artistas urbanos novos locais para que possam fazer seus desenhos. Nossa intenção é que, nas próximas listas, ainda mais locais sejam reservados para o grafite. Pretendemos também continuar realizando ações pontuais. É a primeira vez que Niterói tem um projeto como este e já está sendo copiado por outras cidades”, explicou o vereador.

Ele acrescentou que “A ideia era voltar os olhos da Prefeitura para essa galera que faz arte nas ruas”.

O vereador contou ainda que muitos grafiteiros saíram da ilegalidade com a lei e que outras pessoas poderão ser estimuladas pela prática.

“A principal reclamação dos grafiteiros nas reuniões que fazemos é em relação à repressão que eles sofrem por conta de alguns locais serem proibidos. Até sugiro que andem com um papel explicando a lei para o caso de sofrerem novas abordagens. Já soube que muitos que gostavam da prática tinham medo e agora já estão mais confiantes e estimulados para entrar para esse grupo”, lembrou Giordano.

Em menos de 15 dias após a divulgação dos locais pelo Poder Executivo, as paredes da ponte do estacionamento público de Camboinhas, na Região Oceânica, já estavam decoradas com grafite. Dentro da passagem, diversos desenhos já davam ao local ares de galerias a céu aberto.

Foi o que fez a artista urbana Lia Alves, de 38 anos. Aproveitando o amparo da lei, ela criou um rosto de uma mulher na parede que dá entrada ao túnel de acesso do estacionamento. Segundo ela, a liberação dos locais para os desenhos possibilitou novas ideias para ilustrar a cidade.

“A lei nos proporcionou muitas coisas boas. Foi muito legal no sentido de que agora temos quem possa nos ouvir e dar amparo legal para a nossa arte. No início não sabíamos muito bem onde era permitido grafitar, mas agora a gente pode pensar melhor no que fazer, já que existem trabalhos mais rápidos e outros que, às vezes, demoram dias para terminar. Agora muitos artistas vêm de outros municípios para grafitar aqui e isso também favorece os artistas niteroienses, que têm mais chances de criar parcerias. É interessante ver que tem muita gente nova no grafite”, comemora a artista, enquanto finalizava seu grafite.

 
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