Moradores de São Gonçalo não estão mais conseguindo receber encomendas em seus domicílios através do serviço de entrega dos Correios. Isso porque a companhia alega que os endereços ficam em áreas de risco e, por isso, as mercadorias postadas pelo Sedex ficam retidas nas agências, obrigando os consumidores a buscá-las na central de distribuição dos Correios da cidade, no bairro do Colubandê. Diariamente, dezenas de pessoas formam imensas filas na frente do local para tentar receber suas encomendas, algumas com mais de 20 dias de atraso.
Esse foi o caso da vendedora Glória Arraes, que mora em frente à Praça Trindade, em São Gonçalo. Ela conta que fez um rastreamento do produto que comprou pela internet e verificou que no dia 21 de janeiro a mercadoria já tinha saído de Fortaleza para São Gonçalo, mas por problemas operacionais dos Correios não conseguiu receber ainda.
“Tinha feito esta compra para vender durante o carnaval, mas até agora ainda não consegui receber. Em menos de um mês já precisei ir aos Correios pelo menos duas vezes. Além do prejuízo de não ter conseguido este material para vender e aumentar minha renda no carnaval, ainda tem o prejuízo dos gastos com transporte”, desabafou a vendedora.
Já ciente do problema com a entrega, o microempresário Eduardo Cunha mudou o endereço para a entrega de encomendas da sua casa, no Mutuá, para a empresa que possui no Centro de São Gonçalo, na Rua Doutor Nilo Peçanha. Mas mesmo assim está enfrentando problemas para receber os medicamentos que encomendou para a mãe.
“A gente está arcando com os prejuízos de um problema que não é nosso. No Mutuá não entregam alegando que é área de risco. Por isso, mudei o endereço de entrega para o Centro de São Gonçalo. Mas também não consegui. O motivo alegado pela empresa desta vez é que não tinha ninguém para receber. Mas isso é impossível porque tenho funcionário na loja das 9h às 20h. Só se o carteiro foi às 23h, meia-noite”, reclamou o empresário.
Segundo a companhia, a violência contra carteiros fez com que a empresa mudasse a forma de entrega de encomendas em algumas regiões do Estado. A empresa fez um mapeamento das áreas mais violentas e, nesses pontos, passou a fazer as entregas somente nas agências ou em uma unidade operacional mais próxima do endereço do destinatário. No entanto, destaca o órgão, a entrega de correspondências (cartas, boletos bancários, faturas e telegramas) nessas localidades continua sendo feita.
De acordo com os Correios, a medida, que é temporária e reavaliada periodicamente, tem o objetivo de garantir a segurança dos trabalhadores, dos clientes e das encomendas postais.
“Ao remetente, inclusive os sites que vendem pela internet, é informado sobre o modelo alternativo de entrega no ato da postagem e a informação consta no recibo de pagamento do serviço e no site dos Correios”, informou os Correios através de nota.
Ainda de acordo com a companhia, o índice de assaltos aos carteiros no Estado do Rio de Janeiro em 2015 aumentou 22% em relação ao ano anterior – foram registrados 2.251 roubos. Em janeiro de 2016 o número é de 212 assaltos a carteiros na região metropolitana, uma média de 11 roubos por dia, o que tem afetado a entrega em algumas localidades.
Fiscalização – O Procon Estadual do Rio de Janeiro e a Comissão Especial pelo Cumprimento das Leis da Alerj (Comissão do Cumpra-se) realizaram nesta quarta-feira (25) a Operação “Isaurinha Garcia”, que tinha como alvo centros de distribuição e agências dos Correios.
Os alvos estavam localizados nas Zonas Norte, Oeste do Rio, além da Baixada, São Gonçalo e Niterói.
O objetivo da operação é verificar a prestação do serviço, o tempo de atendimento dos consumidores e se estes estão mesmo buscando suas correspondências em agências próximas às suas moradias, como prevê a Lei 7.109/2015. Nove das dez agências fiscalizadas foram autuadas.
Os fiscais encontraram as mesmas irregularidades nas agências de Niterói e São Gonçalo que foram vistoriadas: ausência de livro de reclamações e ausência de certificado do Corpo de Bombeiros, dado o prazo de 48 horas para a regularização. Os locais vistoriados foram: CDD Tribobó (Rua Santa Paula, 48, Tribobó – São Gonçalo), Agência Correios (Rua Noronha Torrezão, 157 – Santa Rosa) e o CDD Niterói (Rua Dr. Celestino, 183, Centro – Niterói).