Não bastassem os problemas de mobilidade nas cidades, dirigir se tornou também uma atividade de risco para a saúde. Cerca de 80% dos casos de afastamento do trabalho pedidos por motoristas profissionais, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), têm como causa problemas psicológicos e psiquiátricos causados pela associação de estresse no trânsito e violência. Em um ano, entre outubro de 2015 e o mesmo mês de 2016, o sindicato contabilizou quase 7 mil atendimentos psicológicos a seus associados.
E o quadro de violência está longe de se modificar. Nos últimos três dias, houve pelo menos cinco assaltos a ônibus em Niterói, quatro deles no mesmo local, na Avenida do Contorno, e um na Rua da Conceição, no Centro. Não há saúde que aguente, seja de motorista, cobrador ou passageiro.
No caso da Avenida do Contorno, a vulnerabilidade do local chega a ser absurda. Os bandidos agem sem medo, com armas de verdade, de brinquedo, e até sem armamento. E quem está no ônibus faz o quê? É o direito de ir e vir, de ser cidadão que está sendo usurpado todos os dias.
Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) sobre o perfil dos motoristas de ônibus urbanos só confirma a situação dramática dos rodoviários: 28,7% revelaram ter sido vítimas de assalto pelo menos uma vez nos últimos dois anos.
Na Avenida do Contorno, certamente, seria muito maior.