As atividades do tradicional Projeto Botinho, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), tiveram início na manhã de ontem, em 30 praias de todo o Estado. A colônia de férias da corporação, que vai até o dia 31 de janeiro, é gratuita e beneficia crianças e adolescentes de 7 a 17 anos. Ao todo foram disponibilizadas 3.900 vagas, sendo 300 em Niterói, divididas entre Icaraí e Piratininga, e mais 300 em Maricá (150 em Ponta Negra e 150 vagas em Itaipuaçu).
O projeto, que acontece desde 1963, tem o objetivo de promover a cultura de prevenção a acidentes marítimos por meio de atividades lúdicas e orientadas. Por conta da crise financeira do Estado, a ação foi interrompida em 2017, retornando neste ano com 15 dias de atividade. Para o coordenador de Icaraí, do 4º Grupamento Marítimo (4º Gmar) de Itaipu, o projeto nunca deveria ter sido interrompido por conta de sua importância para a sociedade, tanto na questão de proteção ao mar, quanto na disciplina das crianças.
“Os jovens recebem noções de preservação do meio ambiente, orientações sobre as condições do mar, primeiros socorros e dicas para evitar afogamentos. Eles adquirem conhecimento e podem ajudar uma pessoa, aprendendo também sobre o respeito ao próximo. Muitos que se formam no projeto conhecem o serviço e se identificam com o trabalho, tornando-se guarda-vidas também”, contou, completando que as atividades são bem aceitas pela sociedade, que reconhecem a importância da ação e da melhora na obediência em casa. Além disso, para o major, também fica perceptível o conhecimento marítimo dos alunos, o que aumenta a segurança dos responsáveis.
Pelas areias da Praia de Icaraí, a plateia de espectadores das atividades era grande. Muitos pais e responsáveis foram prestigiar as aulas, aproveitando para gravar toda a ação. Entre os comentários, estava a gratidão pelo retorno do projeto. A aposentada Carla Andrea Farias, de 45 anos, foi acompanhar o primeiro dia de seu neto Rhennan, 7. Moradora de uma comunidade no Cantagalo, ela levava sua filha, hoje falecida, para participar do Botinho, o que impulsionou sua vontade de matricular o neto também.
“Ele via as fotos da mãe na praia e comentava sobre como queria participar. Agora conseguiu. Fiquei durante sete anos com minha filha, e também vou acompanhar meu neto, para que ele também aprenda a disciplina ensinada no projeto. Moro em comunidade, com tiroteio, e trazer ele para praia abre seus horizontes, o faz enxergar não só onde ele mora, mas que existe outra vida”, comentou.
Esposa de um bombeiro, a professora Simone de Matos, 46, levou os filhos Raphael, 7 e Matheus, 11, para participar pela primeira vez do projeto. Para ela, a atividade externa para os jovens é essencial e foi um acerto da corporação retornar com o projeto.
“No meu caso, tira os meus filhos de casa, mas em muitos, tira as crianças da rua, dá uma nova visão de vida para os jovens. Mesmo que por 15 dias, é importante que não acabe e continue educando crianças”, opinou.
Apesar de morar em Piratininga, a gerente de um restaurante, Maria Luciana Moreira da Silva, 29, levou o filho Pietro, 7, para obter as aulas em Icaraí por não conseguir vaga na Região Oceânica. Mesmo no primeiro dia de ação, a gerente contou que gostou do que viu, e espera que o filho tenha mais 10 anos de atividade pela frente. Nas areias, a aprovação dos responsáveis era total.
“É muito importante que projetos como esse, que fazem com que a criança tenha tempo em ambientes externos, com esporte, conheça outras culturas e pessoas e saia de dentro de casa, continue e até aumente. Voltar o projeto com apenas 14 dias foi pouco, nossos governantes ou empresas particulares poderiam se mobilizar para incentivar cada vez mais a prática e ampliar o número de vagas, para que mais tenham oportunidades”, acrescentou a representante comercial Valdileia Rodrigues, 45, mãe de Gabriel, 11.
As aulas acontecem de segunda a sexta, das 8h às 11h. Os alunos são divididos em três turmas: Golfinho (7 a 11 anos), Moby Dick (11 a 14 anos) e Tubarão (15 a 17 anos).