O setor de transportes do Estado do Rio perdeu cerca de 20% dos usuários nos últimos dois anos. Nas barcas a queda foi ainda maior. De 110 mil passageiros por dia, o sistema passou a operar com 68 mil. A informação foi passada pelo secretário de Estado de Transportes, Rodrigo Vieira, durante oitiva realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que investiga as irregularidades da gestão pública no setor de transportes no Estado do Rio, nesta quarta-feira (28).
Segundo Rodrigo, um dos fatores que influenciou a queda foi o aumento do desemprego no estado.
"As perdas de emprego são muito impactantes, porque 80% dos recursos do bilhete único são direcionados a complementar o vale transporte do trabalhador, e quando há uma perda de empregos temos também esse reflexo. O momento agora é de desenvolver alternativas e buscar novas alianças por todos os modais para que a gente possa superar isso ", disse.
O secretário defendeu ainda a tarifa integrada, além da integração operacional e física (quando os veículos param num mesmo local, permitindo, assim, que os usuários realizem a troca de veículos praticamente sem necessidade de caminhar) do sistema de transportes.
"Apenas com essas medidas vamos viabilizar o crescimento do segmento e assim prestar um atendimento melhor à sociedade", esclareceu.
Relator da CPI, o deputado Geraldo Pudim (MDB), afirmou que conhecer a crise pela qual está passando o setor é importante para que comissão possa produzir o seu relatório.
"Essa comissão tem como objetivo apurar as perdas econômicas e sociais no setor de transportes do estado. Saber que o número de passageiros caiu consideravelmente e, mesmo assim, ainda é a menor queda no país, foi surpreendente e importante para o trabalho do grupo", afirmou.
Segundo Pudim, além da questão contratual e financeira, a questão principal da CPI é melhorar a qualidade do transporte para o usuário.
"O transporte precisa ter regularidade nos horários, conforto, preço justo, segurança e acima de tudo respeitar as gratuidades e leis trabalhistas daqueles que atuam no setor. Ao final do nosso trabalho, queremos apontar também soluções e melhorias ", explicou o parlamentar.
Plano Diretor
O secretário falou ainda sobre o Plano Diretor de Transporte Urbano. Segundo ele, a verba recebida pelo Banco Mundial serviu para a contratação de especialistas que vão direcionar as políticas públicas necessárias para o setor.
"É um plano que faz um diagnóstico da estrutura de transportes no estado e uma previsão para orientar na sua tomada de decisões de investimento".
Para Rodrigo, o plano é fundamental para alavancar o setor: "Existem determinados investimentos que são muito falados, mas quando são detalhados, talvez não sejam as alternativas mais indicadas. Por isso é muito importante que a Secretaria faça esse trabalho técnico e que o secretário seja uma pessoa técnica. Dessa forma podemos unir as demandas da população e do governo com a realidade dos fatos e dos estudos".