Síndromes deixam Niterói em alerta

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Dois pacientes seguem internados no Hospital Universitário Antonio Pedro, com a síndrome de Guillain-Barré

Arquivo/ André Redlich

Niterói teve desde o início de janeiro deste ano 21 casos registrados de Guillain-Barré e outras síndromes neurológicas agudas. A Prefeitura de Niterói confirmou 14 notificações. Já o Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap) confirmou o diagnóstico de 12 pacientes, entre eles, cinco notificados e que, portanto, já fazem parte da lista da Secretaria Municipal de Saúde.

Dos pacientes diagnosticados, oito são moradores de Niterói, quatro deles se tratam no Huap e os outros quatro em unidades de saúde públicas e privadas do município. 

Os 21 casos registrados em Niterói correspondem a 48% das notificações do Estado. Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde, até ontem foram 43 casos em todo o Rio de Janeiro. 

Os oito moradores de Niterói diagnosticados são dos bairros do Barreto, Fonseca (com dois casos), Baldeador, Caramujo, Charitas, Centro e Largo da Batalha, segundo informou a Prefeitura de Niterói. 

Segundo o Huap, o primeiro caso foi registrado em 7 de janeiro. A Prefeitura de Niterói, no entanto, teve a primeira notificação no dia 19 do mesmo mês. 

Entre os casos notificados, foram confirmados dois óbitos. Segundo o Huap, o primeiro foi em 21 de janeiro e o paciente estava internado em um hospital particular na Zona Sul. A outra morte ocorreu em 15 de fevereiro, na Unidade Municipal de Urgência Doutor Mário Monteiro, em Piratininga, na Região Oceânica. 

No Antonio Pedro, até ontem, dois pacientes ainda estavam internados com a síndrome de Guillain-Barré. Um é morador de Icaraí e outro de Neves, em São Gonçalo. Não há registros de quantos ainda estão hospitalizados nas demais unidades de saúde do município.

“Os números são muito grandes, o que me deixa assustado e mais preocupado”, disse Osvaldo Nascimento, neurologista e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). 


Guillain-Barré

De acordo com as pesquisas do neurologista e professor da UFF Osvaldo Nascimento, a maior parte dos atendimentos com suspeitas – e alguns casos que foram diagnosticados e medicados – de síndrome de Guillain-Barré não são da doença e sim de outras neuropatias e encefalopatias. 

“O diagnóstico da síndrome é difícil e precisa de exames como o de liquor e a eletroneuromiografia para fazer um diagnóstico preciso, mas eles não são feitos em qualquer lugar. E, por isso, no Huap recebemos muitos casos de doenças neurológicas medicados com doses de imunoglobina, um remédio muito caro”, contou Nascimento. 

Uma das maiores dificuldades de diagnosticar a infecção pela doença é a falta de clareza para os clínicos gerais que estão na ponta do atendimento. 

“Temos muitos alarmes falsos, e para diminuir esse tipo de alarde é preciso criar um hospital sentinela que centralize as informações e dados sobre esse tipo de doença. Caso os médicos atendam um paciente com os sintomas, eles podem entrar em contato com a unidade de saúde e questionar o prognóstico na frente dele”, explicou o neurologista.

Para ajudar o leitor a entender quais as características iniciais da Guillain-Barré, o especialista fez uma lista de sintomas. 

“Primeiro aparece a dormência nos membros inferiores, e quando isso acontece é preciso esperar e observar se piora, se a sensação sobe para os membros superiores”, disse ele, que insistiu que deve-se contatar um médico se a dormência aumentar.

Ainda segundo as informações do médico, 80% dos casos da síndrome são curados e 20% dos pacientes ficam com sequelas. 

Com Kelly Krishna Rio


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