Volta às aulas na Uerj é marcada pela incerteza

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Na Faculdade de Formação de Professores, em São Gonçalo, a frequência foi baixa no primeiro dia do ano letivo de 2017

Foto: Evelen Gouvêa

As aulas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) retornaram, oficialmente, nesta segunda-feira (28). A decisão, tomada em assembleia pela Associação dos Servidores e Docentes da entidade (Adsuerj), ainda não trouxe tranquilidade para estudantes e funcionários.  

Apesar de alguns avanços na negociação entre funcionários e Governo estadual, os salário dos professores substitutos ainda não foram quitados, com um atraso de seis meses. Além disso, não existe ainda um calendário de pagamentos – o que indica a falta de perspectivas sobre as dívidas já existentes e ainda há falta de repasses para custeio das unidades acadêmicas. As bolsas ProCiência, ligadas a produtividade acadêmica dos docentes, e as bolsas Proatec, voltados para projetos que necessitem da contratação de técnicos, contudo, poderão ser pagas a partir de setembro. 
  
São Gonçalo - Na Faculdade de Formação de Professores, em São Gonçalo, muitos relatam que estão sem orientações adequadas sobre como acontecerá o início do primeiro semestre letivo de 2017 – já que o calendário acadêmico está atrasado. 

A estudante do quinto período de Letras Luiza Pereira Leonel esclareceu a hesitação de amigos nesta voltar às aulas. 

“Alguns professores falaram que iriam voltar, mas como nem todas as pautas foram atendidas, em especial as bolsas-auxílio e o pagamento dos terceirizados, acho que será difícil para muitos. As pessoas ainda estão meio perdidas e acredito que em uma semana, a situação poderá voltar ao normal”, argumenta. 

Uma das diretoras do campus São Gonçalo, a professora Ana Santiago conta que a frequência baixa é normal, por ser ainda os primeiros dias de um novo período letivo. No entanto, concorda com a ideia de que ainda é difícil saber se não haverá greve nos próximos meses. 

“A permanência do período depende exclusivamente do governo. Têm terceirizados sem um ano completo de pagamento. Passei nas salas hoje e reiterei que temos apenas uma infraestrutura básica, mas que os problemas estão longe de serem finalizados”, coloca. 

Próximos passos - Segundo informações divulgadas pela universidade, seriam necessários R$ 90 milhões por ano para a manutenção dos serviços das unidades – como limpeza, coleta de lixo e segurança. No entanto, em 2016 só houve o repasse de R$ 15 milhões e apenas o pagamento de contas pontuais em 2017. Problemas no pagamento de funcionários e alunos são sentidos desde novembro do ano passado, segundo relatos. 

Por meio de nota declarada no dia 18 de agosto, a UERJ diz que detém as condições mínimas para o início das aulas do semestre 2017.1, ressaltando que a situação não está normal. A despeito da permanência das dificuldades, entende-se que o início das aulas é essencial para os alunos que já estão e que irão ingressar na universidade em 2018. 

Já Lia Rocha, professora do Instituto de Ciências Sociais (ICS) e presidente da Adsuerj comenta, em vídeo divulgado pelas redes sociais, que os professores permanecem em estado de greve; que, apesar do retorno, estarão frequentemente avaliando as condições de funcionamento da entidade e o pagamento dos salários. Além disso, que não existem garantias por parte do governo estadual de verbas para o salário de agosto –  o que dificulta a situação. 

Amanhã, docentes farão nova paralisação, com assembleia às 10h no campus Maracanã, para discutir os próximos passos e avaliar a situação. 


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