ANP fiscaliza 13 postos de combustíveis em Niterói

Niterói
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Fiscais da ANP averiguaram a situação de postos do Centro e Região Oceânica de Niterói

Foto: Tavares / Colaboração

Após denúncias de motoristas a respeito de combustíveis possivelmente adulterados, postos de combustíveis e concessionárias de Niterói e Maricá foram alvo de operações de fiscalização de órgãos estaduais e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na manhã desta sexta-feira (14). Ao longo da última semana, muitos veículos tiveram problemas no motor logo após abastecimento. Algumas concessionárias chegaram a registrar aumento de 40% na movimentação de manutenção de carros. Em Niterói, 13 postos foram fiscalizados, no Centro e Região Oceânica, nenhuma adulteração foi identificada pela ANP.

Logo pela manhã, dois foram fiscalizados pela ANP: o Canteiro das Barcas e o Centro Automotivo Passos de Souza Ltda, nas avenidas Rio Branco e Jansen de Melo, respectivamente – ambos com bandeira Ipiranga. Nenhuma irregularidade foi encontrada.

De acordo com o fiscal que fez os testes, que têm resultado em menos de 10 minutos, o processo de fiscalização em Niterói é muito transparente e a cidade não tem histórico de problemas. Segundo ele, as análises são feitas mensalmente. E, em caso de alguma adulteração ser atestada, o posto é imediatamente interditado.

“As reclamações de ontem (quinta) são surpreendentes. Só no ano de 2017, a ANP fez mais de 150 ações na área de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e não tinha detectado nada de anormal, tudo dentro do padrão. Faremos os testes  para garantir a qualidade aos consumidores. Tendo problemas, o posto é interditado e é aberto um processo administrativo”, explicou o fiscal Ary Bello. 

Segundo o gerente do posto na Avenida Jansen de Mello, Jorge Luiz da Costa, o dia já foi diferente por conta das recentes reclamações de motoristas. “Hoje muitos motoristas comentaram e houve até uma diminuição na procura. Mas a gente trabalha sério, acabamos sendo prejudicados. Mas a gente sabe o que tem aqui, e é de qualidade, por isso apoiamos essas ações da ANP, é importante”, contou.

Além dos postos, a Operação Bomba Limpa, que reúne o Procon Estadual, a Secretaria da Fazenda e agentes da Barreira Fiscal, também visitou nesta sexta-feira a Hayasa para checar se, de fato, o problema existia, e pedir informações sobre os donos dos carros que tiveram danos. O objetivo é investigar em quais postos os veículos foram abastecidos. Em seguida, a equipe seguiu para um posto Ipiranga na Avenida Everton Xavier (Avenida Central), em Itaipu, para recolher amostras. 

No local, encontraram motoristas indignados com defeitos no veículo que apareceram após abastecimento no posto em questão. É o caso do encarregado de manutenção José Maria dos Santos, de 65 anos.

“Abasteci 50 reais de gasolina na quinta-feira à noite. Logo depois que saí do posto, o carro começou a fazer barulhos estranhos. Hoje de manhã, não ligou. Se o carro estiver frio, não liga, tem que ficar rodando para funcionar. E é um carro novo, não pode ser problema dele. Vou ter que levar à concessionária”, lamentou.

Em Itaipuaçu, Maricá, a Operação Bomba Limpa interditou dois postos por ausência de extintores de incêndio nas unidades.

Manutenção – Nas concessionárias, é visível o rastro de destruição deixado pelos combustíveis possivelmente adulterados. A concessionária Hayasa, em Pendotiba, foi notificada pela operação Bomba Limpa a apresentar laudo sobre os danos nos cerca de 30 veículos que, na última semana, tiveram problemas semelhantes no motor e precisaram passar por reparos. Representantes da loja explicaram que ainda não é possível provar que os danos foram, de fato, causados por combustível adulterado. O que se sabe, até o momento, é que, entre si, esses veículos têm em comum problemas causados por “agentes externos”. 

Na Dinisa Renault, também na Região Oceânica, foi registrado aumento de 40% na movimentação de veículos precisando de manutenção. Segundo um dos responsáveis pela concessionária, por lá foram mais de 20 carros com danos parecidos. Ele ainda pontuou que a incidência de carros com problemas semelhantes diminuiu na última semana, o que leva a crer que o “carregamento” de combustível adulterado pode ter chegado ao fim. Nas vizinhas Veneto Fiat e Dinisa Nissan, o número de carros com o problema é menor: quatro e um, respectivamente. 

Irregularidades descartadas

Todos os 13 postos visitados nesta sexta-feira pela ANP não apresentaram irregularidades. Segundo o fiscal Ary Bello, tanto as unidades do Centro quanto de Itaipu não apresentaram nenhum sinal de adulteração na gasolina, óleo diesel e etanol. A força-tarefa para apurar a suspeita de mistura de solventes no combustível vai continuar nos próximos dias. 

A agência ainda solicitou informações mais detalhadas das concessionárias que estão reparando veículos danificados, para traçar um mapeamento dos possíveis postos com o problema. “Pedimos para as concessionárias levantarem com os clientes onde eles possam ter abastecido, para facilitar a fiscalização, porque Niterói é grande, tem muitos postos, então demanda mais tempo de apuração”, explicou Ary. Donos de alguns postos alegam que o combustível já chega com problemas pelas distribuidoras. Sobre isso, o fiscal comentou que também é uma possibilidade, já que diferentes postos são alvos de reclamações dos motoristas. 

“Não posso descartar essa possibilidade, mas estaria sendo leviano se confirmasse. Precisamos apurar e estamos tratando esse caso com carinho”, disse o fiscal. 


Mais relatos pelas redes sociais

Pelas redes sociais, são inúmeros os relatos de motoristas com problemas semelhantes após abastecimento de combustível, uma parte significativa deles em diferentes postos da Região Oceânica. Bruno Laureano da Silva teve o problema na última quarta-feira (12).

“Por volta de 23h30 abasteci meu carro com R$ 30 de gasolina num posto da RO e fui direto para a minha casa. Até então tudo normal. A surpresa veio no dia seguinte, quando fui pegar o carro para levar meus filhos para a escola e o carro não ligou. Chamei meu mecânico e ele constatou que realmente foi combustível adulterado, assim como muitos carros que estavam em sua oficina”, contou.

Fábio Assunção, por sua vez, teve o carro danificado no último final de semana em posto da Zona Sul de Niterói.

“O meu carro tinha saído da revisão semana passada. No último sábado, abasteci em um posto Ipiranga em Icaraí. Após 30 minutos rodando, o carro passou a perder potência, quase não subindo a rampa do estacionamento. O mecânico identificou que foi gasolina adulterada. Agora vou ter que fazer uma nova revisão”, apontou.


Com Carolina Ribeiro, Pamella Souza e David Tavares