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Serviço de travessia da Baía de Guanabara pelo mar completa 180 anos no próximo dia 14 de outubro com direito à exposição na Praça XV, que conta com uma série de réplicas em miniatura das antigas estações e embarcações
Foto: CCR Barcas/Divulgação
Das milhares de pessoas que fazem diariamente a travessia Rio-Niterói através das Barcas, poucas se dão conta que estão dentro do mais antigo serviço de transporte de massa do país. Na próxima quarta-feira, dia 14, a travessia entre as duas cidades através do serviço aquaviário completa 180 anos e, para marcar a data, os usuários do serviço ganharam uma exposição com um acervo que conta os anos de história do serviço regular de navegação na Baía de Guanabara.
A Mostra 180 anos de Barcas fica no espaço Cultural da Estação Praça XV, no embarque para Charitas, até o fim de outubro. Dentre as peças exibidas vale destacar as miniaturas de embarcações antigas, que atravessaram por todos esses anos a Baía de Guanabara. As réplicas contarão ao público um pouco da evolução dos barcos e das novidades tecnológicas de cada época.
Ainda está programado um passeio especial em uma embarcação tradicional, refazendo o caminho navegado por Estácio de Sá na sua chegada ao Rio. Durante o trajeto, historiadores narrarão e atores vão encenar essa importante passagem da história da cidade do Rio de Janeiro. Além disso, durante um mês, os usuários terão a oportunidade de conhecer mais sobre a história do transporte através de mensagens sonoras e de um vídeo que será transmitido, durante as viagens, nos monitores das embarcações.
Segundo o secretário do Estado de Transporte, Carlos Roberto Osório, o serviço das Barcas, apesar de ser o mais antigo transporte de massas do país, está ganhando um novo fôlego com as nove novas embarcações que estão sendo trazidas da China. Duas já estão em funcionamento, a Pão de Açúcar e a Corcovado, e duas vão entrar em operação ainda este ano, a Itacoatiara ainda esse mês e a Copacabana em dezembro. “Nossa meta é chegar em 2018 com a capacidade de transportar 120 mil passageiros por dia. Com embarcações modernas e com qualidade para nossos usuários. Acreditamos que o transporte aquaviário seja hoje a melhor opção para a travessia Rio-Niterói, pois hoje já operamos com uma folga na capacidade do sistema”, declarou o secretário.
História – A navegação entre Rio e Niterói existe desde outubro de 1835 e entre o Rio e Paquetá desde 1877. O Transporte de passageiros e de cargas começou sendo explorado pela mesma empresa que administrava o sistema de ônibus elétricos em Niterói. Até meados da década de 1970, antes da existência da Ponte Rio-Niterói, as Barcas eram o único meio de transporte que ligava a então capital do Estado, Niterói, e Rio, que era a capital do país.
Em maio de 1959 ocorreu uma grande greve reivindicando melhores condições de trabalho e aproximadamente quatro mil funcionários da empresa paralisaram os trabalhos. As Forças Armadas ficaram encarregadas de fazer as viagens entre Niterói e o Rio, mas embarcações tinham capacidade reduzida. Como não conseguiu atender à demanda, a população acabou se revoltando.![]()
Ainda hoje, barcas de várias décadas podem ser vistas fazendo a travessia da Baía de Guanabara, ao lado de modernos catamarãs importados pelo Governo do Estado
Foto: Maurício Gil / Arquivo
A revolta contra a truculência dos fuzileiros navais acabou gerando uma confusão, com pessoas depredando as vidraças da estação e das embarcações, e com os militares dando rajadas de tiros para o alto. O escritório da empresa, localizada na época na Rua São João, foi também invadido e destruído. No Fonseca, a casa da família Carreteiro, responsável pelas barcas, também foi alvo da revolta, sendo incendiada. Os manifestantes picharam na parede “Aqui jazem as fortunas do Grupo Carreteiro, acumuladas com o sacrifício do povo”.
Com isso, foi tomada a decisão do Governo Federal de estatizar o serviço. Recebendo o nome de Serviços de Transportes da Baía de Guanabara (STBG), passado para a administração estadual em 1977 e transformada em Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro (Conerj). O serviço foi privatizado em 1998, quando um consórcio assumiu o controle acionário sob regime de concessão, surgindo a Barcas S/A. A atual concessão das Barcas, do Grupo CCR, ocorreu em 2012, quando 80% de suas ações foram compradas pela concessionária.
Barcas: quase 200 anos de travessia
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