Bichos ganham forma através do braile

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Cláudio Maurício diz que o IVB sempre pensou na inclusão das pessoas

Foto: Douglas Macedo

Profissionais do Instituto Vital Brazil (IVB), em Niterói, deram um importante passo em direção à inclusão das pessoas. Liderados pelo diretor científico Cláudio Maurício de Souza, biologistas acabam de finalizar o projeto do primeiro livro em braile sobre animais peçonhentos do Brasil. Depois de 10 anos dos primeiros passos para a elaboração do material, os exemplares estão em vias de receber o aval do Ministério da Saúde para angariar fundos, alavancar a produção e assim entrar nas salas de aula.

Cláudio contou que todo o projeto foi feito de forma minuciosa no Campus que o IVB possui no município de Tanguá, onde são desenvolvidos projetos de pesquisas. Contando com pedagogos, professores, biólogos e alunos especiais, todo o material foi projetado para assistir aos estudantes do Leste Fluminense. No entanto, a qualidade do material ganhou contornos maiores.

“Sempre pensamos na inclusão. Em 2006, diversos órgãos do governo elaboraram projetos através de um edital para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), e o IVB ganhou com esse projeto. Fizemos um estudo demográfico e vimos que muitos estudantes eram cegos ou tinham baixa visão e então, em parceria com profissionais da Escola Municipal Alto Rodrigues de Freitas, em Itaboraí, e a Prefeitura de Tanguá, conseguimos fazer um excelente trabalho”, disse o biólogo.

O caminho até o projeto final foi árduo. Cláudio contou que diversos alunos especiais em processo de alfabetização participaram da elaboração do livro. Pensando em contextualizar o tema de animais peçonhentos, o profissional buscou assuntos do cotidiano para criar os personagens do livro, além de nomeá-lo.

“O nome do livro, que tem 24 páginas, é ‘Animal zap, um toque de saber – animais peçonhentos como nunca se viu’. Ele é dividido em três partes por causa do tamanho das histórias e por ser em braile, que demanda um pouco mais de espaço. Apresentamos os animais peçonhentos brasileiros e, além da história, nós desenhamos esses animais em braile para que os alunos saibam como eles são. Além disso, nosso objetivo foi desmistificar a ideia de que peçonhento quer dizer mau, porque não é. Tudo é feito de forma lúdica, por isso a importância dos educadores trabalhando com os biólogos e os veterinários”, elogiou Cláudio.

O biólogo defendeu ainda a troca de experiência que teve com todos os envolvidos do projeto, e espera que o projeto seja amplamente divulgado.

“Não são só os alunos que ganharão essa riqueza de material. Todos nós que trabalhamos crescemos intelectualmente. Foi uma troca linda com os alunos especiais, porque percebemos que eles aprenderam a ler o mundo de maneira completamente diferente da nossa. Sabemos da importância que é o investimento e estamos lutando para que parceiros acreditem, assim como nós acreditamos”, finalizou Cláudio Maurício de Souza.