Chuva causa transtornos e deixa Niterói em alerta

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Árvore bloqueou o tráfego na Rua XV de Novembro, no Centro

Foto do leitor Théo Moraes

A manhã deste sábado foi de transtornos para os moradores de Niterói e São Gonçalo por causa da chuva intensa que começou na sexta-feira à tarde. Segundo o Corpo de Bombeiros, a corporação recebeu diversos chamados para queda de árvores, alagamentos em residências e queda de barreiras. Além disso, o trânsito ficou lento devido à forte chuva. 

No bairro de Maria Paula, limite entre São Gonçalo e Niterói, durante a madrugada uma família precisou ser resgatada de bote pelos bombeiros após ter a casa invadida pela água.

“Chegamos para resgatar a família que estava com a água chegando a um metro e meio de altura dentro da casa. Assim que chegamos, vimos as crianças. Tinha uma de colo e outra que aparentava ter três anos. Estavam bastante assustados, mas tudo correu bem. A família ficou fora de perigo”, informou o tenente-coronel Amon Oliveira.

Garganta - Na Estrada da Garganta, em Santa Rosa, uma queda de barreira deixou o trânsito em meia pista, durante toda a manhã, no sentido Região Oceânica e assustou moradores da Travessa Santa Teresa, localizada acima da encosta. A residência do segurança Nelson Marinho da Silva, de 44 anos, localizada no ponto mais alto da Travessa, foi uma das que mais preocupou a equipe de limpeza da Clin, que acionou o Corpo de Bombeiros. 

Morador da localidade há mais de 20 anos, o segurança explicou que sua casa foi construída com pilares sustentados por uma grande camada de concreto. Ele disse também que a encosta é tomada de vegetação, e, por isso, não via a necessidade de deixar o local com a família.

“Quem olha lá do asfalto para a minha casa aqui em cima pode até ficar assustado. Mas ao subir, a visão é outra. Dá para perceber que é bem segura. As colunas estão firmes, sustentadas na pedra. Por isso, não tem como haver desabamento. Se tivesse algum risco, eu seria o primeiro a sair com os meus filhos e a minha esposa. Se eu permaneço aqui é porque tenho certeza de que estamos seguros”, disse o morador.

Apenas carros de passeio passavam pela Estrada da Garganta, no sentido Região Oceânica

Colaboração Beatriz Cruz

De acordo com a Prefeitura de Niterói, os lugares mais afetados pela chuva foram o Morro do Estado, onde houve um deslizamento e quatro casas foram interditadas, e o Largo da Batalha. Apesar da intensidade das chuvas, nenhuma sirene foi acionada nas comunidades, informou a Prefeitura. 

No Condomínio Edifício Parque Residencial Martins Torres, na rua de mesmo nome, no bairro Santa Rosa, moradores mal conseguiram dormir de sexta para sábado. Eles reviveram momentos de apreensão semelhantes ao de março do ano passado, quando uma pedra de 25 toneladas invadiu o salão de festas após um deslizamento provocado por fortes chuvas. Durante toda a madrugada, eles escutaram barulhos de pedras e vegetações rolando morro a baixo na área que fica atrás do condomínio.

Dois blocos do Martins Torres ainda permanecem interditados pela Defesa Civil. Por causa disso, 32 famílias precisaram sair de suas casas. Na manhã de sábado, a síndica Neyde Souza se reuniu com outros moradores para analisar a área dos prédios próximo à encosta. Ao chegar, constataram que uma pedra de média proporção havia mudado de posição, o que poderia acarretar ainda mais risco para os condôminos.

Numa região acima do condomínio da Martins Torres, na Rua Santo Elias, em Santa Rosa, uma família também vem sofrendo com a interdição da casa que construíram, após o deslizamento da pedra de 25 toneladas. 

O casal, que morava no local há 12 anos, precisou sair de casa por causa do risco de desabamento apontado em laudo da Defesa Civil. Segundo a escrevente Vivian Ferreira Velasco, de 40 anos, a casa pode a qualquer momento tombar, pois o esgoto da comunidade do Zulu é jorrado para dentro da residência, causando grande instabilidade no terreno. 

“Os técnicos da Defesa Civil até já me conhecem. Eu e o meu marido não sabemos mais o que fazer. Temos dois filhos e essa casa era o nosso lar. Chegamos a construir dois muros com cerca de 25 metros de largura, com o nosso próprio dinheiro, mas a estrutura também não aguentou e desabou, enchendo a minha casa de concreto e entulho. Estamos desesperados, vivendo na casa de parentes. Gostaria que a prefeitura se sensibilizasse com a nossa questão, porque a cada chuva dessas é um desespero. A gente vê o nosso patrimônio literalmente desabando. Precisamos de ajuda”, lamentou Vivian. 

Na tarde deste sábado, a Prefeitura de Niterói informou que equipes da Defesa Civil Municipal, da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos, funcionários da Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) e diversos outros órgãos estavam nas ruas desde a madrugada trabalhando na desobstrução e limpeza de ruas e ralos, e no atendimento aos moradores. 

Ferido - A Região Oceânica registrou grande volume de chuvas. O Rio Jacaré, no bairro Cafubá, transbordou registrando 121,76mm de chuva, 67% do volume previsto para janeiro. A Defesa Civil registrou nesse bairro 60 ocorrências de casas alagadas e 18 de deslizamento. Pela manhã, um dos deslizamentos atingiu o morador Hernane Izequiel de Souza, que ficou soterrado. A vítima foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, com traumatismo na coluna cervical. O estado de saúde dele é estável, estando lúcido e orientado.
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As equipes da Defesa Civil atenderam a um total de cem ocorrências do início da manhã até a tarde de sábado. Cinquenta e duas pessoas tiveram que sair das suas casas que ficaram alagadas e estão alojadas em residências de parentes. Outras cinco pessoas foram para a Escola Municipal Portugal Neves, em Piratininga, local que está servindo de abrigo temporário. Elas foram acolhidas por equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos.

Congestionamento - Os motoristas encontraram lentidão na pista sentido Niterói da BR-101/RJ, do km 318 ao km 320, região de São Gonçalo (RJ), devido ao excesso de veículos. Na pista sentido Itaboraí, os motoristas enfrentaram lentidão do km 295 ao km 294, também devido ao tráfego intenso. (Camilla Galeano)