Hospital Antonio Pedro pode ter luz cortada

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Com a reitoria da UFF às escuras, a próxima unidade a sofrer com a falta de fornecimento de energia pode ser o Huap

Foto: Douglas Macedo

Três dias após o corte do fornecimento de energia da reitoria e do Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF), a instituição amarga a possibilidade de sofrer mais uma interrupção no abastecimento de energia. Dessa vez, o problema pode afetar o Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap), segundo informou o reitor Sidney Mello, em nota divulgada na tarde desta sexta-feira (15). De acordo com a Enel Distribuição Rio, o hospital possui uma dívida avaliada em R$ 12 milhões que, somada à inadimplência da universidade, ultrapassa o valor de R$ 27 milhões. 

Em esclarecimento, a reitoria divulgou uma nota informando que a concessionária de energia vem pressionando a direção do hospital, advertindo da possibilidade do corte de luz. Ainda em resposta, Sidney Mello ressaltou que a UFF firmou um acordo para realizar o pagamento de R$ 4 milhões, nesta sexta-feira, e aproximadamente R$ 6 milhões foram quitados em outubro. Contudo, o regente criticou a atitude da empresa em ameaçar a suspensão de energia da unidade.

“Esta ameaça evidencia completa falta de humanidade e desrespeito com a vida humana, na medida em que essa ação atinge no coração toda a rede de saúde da macrorregião de NIiterói. Uma prova cabal do total descompromisso da Enel com a cidade e com o Brasil”, lamentou.

Segundo a Enel Distribuição Rio, o Huap foi notificado em outubro sobre o possível corte de energia, motivado pela soma de 34 faturas em aberto, desde o mês de janeiro de 2015. No mesmo mês, a empresa alega que também informou a respeito da possibilidade de corte para o Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Prefeitura Municipal de Niterói, Secretaria Municipal de Saúde de Niterói, Secretaria de Estado de Saúde, Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e outras instituições relacionadas ao poder público.

A concessionária esclarece que a interrupção de energia nas unidades de serviços essenciais à população está amparada pela Lei 9.427/1996. A norma prevê que a empresa informe ao poder público local ou estadual sobre a intenção de corte com, pelo menos, 15 dias de antecedência. Ainda conforme nota, a distribuidora argumenta que, apesar de não ser obrigada pela legislação, fornecerá um equipamento gerador para atender o hospital no período máximo de sete dias, afim de evitar prejuízos aos pacientes internados ou em atendimento. Portanto, o corte pode ocorrer a qualquer momento. 

De acordo com o reitor Sidney Mello, a dívida teria sido derivada de aumentos provocados pela inflação e acúmulos de contas da gestão passada. 

“Os contratos de serviços terceirizados e contas de água, energia elétrica e telefonia têm sido reajustados acima da inflação, o que não ocorre com o orçamento destinado à universidade, que teve em 2017 uma redução de R$ 18 milhões no valor anual repassado pelo Ministério da Educação (MEC) em comparação com 2014,” alegou o gestor, acrescentando que “o valor que está em aberto com a Enel não é referente a 2017. O acordo judicial para o pagamento deste débito está fora do nosso orçamento. O acúmulo de inadimplências é referente ao não pagamento das contas de energia entre junho de 2014 e dezembro de 2015, herdado pela atual gestão,” pontuou. 

Até o fechamento desta edição, o Ministério da Educação não se posicionou sobre o assunto. A reportagem também buscou diversas tentativas de contato com o Ebserh, órgão que administra a unidade hospitalar, porém, não obteve sucesso. Através da assessoria de imprensa, o Huap informou que irá se pronunciar apenas por meio da reitoria. Procurado, o ex-reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Roberto Salles não foi encontrado até o fechamento desta edição.