Imóvel em risco na Ponta da Areia

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Além do risco de desabamento, o acúmulo de lixo e presença de insetos tiram o sono dos vizinhos do imóvel

Evelen Gouvêa

“Uma tragédia anunciada”. Assim os moradores da Ponta da Areia, em Niterói, classificam um imóvel abandonado que corre risco de desabar, localizado na histórica Rua Barão de Mauá. Há três dias, mais uma parte da casa desmoronou durante a madrugada, assustando vizinhos. Cerca de dois anos atrás, o local foi interditado pela Defesa Civil e isolado com tapumes, que já foram retirados. No entanto, o risco de desabamento ainda preocupa cerca de 10 famílias que moram em uma vila ao lado. A construção ainda atrai ratos e outros bichos, além de servir como foco do Aedes aegypti. 

Paredes caídas e marquise com risco de desmoronar fazem parte do cenário da casa de três andares. Grande parte dos dois últimos pavimentos já estão sem chão, restando apenas alguns cômodos e as paredes externas. As madeiras que faziam parte do telhado já desabaram, acumulando entulhos, e as telhas coloniais foram retiradas pela Prefeitura de Niterói.  

Há dois anos, ao interditar o imóvel, uma equipe da administração municipal instalou tapumes para bloquear a entrada, já que denúncias apontavam que moradores de rua usavam o lugar como abrigo. Porém, a área cercada virou um depósito de lixo, atraindo insetos, e os próprios vizinhos removeram a cerca. Segundo moradores da região, no ano passado, um processo foi aberto, solicitando a demolição do imóvel centenário, mas nada foi feito ainda. 

“Entramos com o processo e a prefeitura prometeu que, se o dono da casa não fosse encontrado dentro de seis meses, ela mesma iria tomar posse do imóvel e tomar as devidas providências. O prazo se esgotou em abril, e não vemos nenhuma solução”, disse um dos representantes dos moradores da Ponta da Areia, Fábio Peixoto.

Segundo eles, os próprios moradores da região pediram que a casa fosse demolida e que uma creche ou um centro cultural fosse construído no local. Vizinhos apontam que ali era uma residência na parte superior e um bar no térreo. Em 2012, a família que vivia no imóvel precisou sair às pressas. 

“Tinha uma família que morava aqui, inclusive com crianças. Há quatro anos, a parede de um quarto caiu e bloqueou a porta, e os vizinhos tiveram que ajudar todo mundo a sair. Foi um desespero. Eles se mudaram e casa ficou desse jeito, abandonada”, disse a vizinha Marli Costa da Silva, de 57 anos.

A casa é cercada por duas vilas, por onde passam mais de 10 famílias diariamente. A preocupação é que os muros externos caiam e possam bloquear a passagem, além de atingir algum pedestre.  

“Essa casa pode cair a qualquer hora. Pode ser quando eu estiver passando aqui com o meu neto, ou qualquer outro vizinho. Estão esperando uma tragédia acontecer”, alertou Marli, que mora há 26 anos na Ponta da Areia.  

Como se não bastasse o risco, a dona de casa ainda revelou que o estado da casa ainda trouxe problemas para ela. O quarto de Marli divide muro com a construção abandonada. Por conta disso, ratos, baratas e lacraias frequentemente aparecem na sua residência. 

“Precisei gastar um bom dinheiro para dedetizar o meu quarto. Meus móveis estavam cheios de cupim, porque a casa ao lado é toda de pau a pique. Só me trouxe transtornos”, reclamou a vizinha, que ainda revelou que ela e outros vizinhos tiveram casos de Zika vírus, por conta do alto índice de focos do mosquito transmissor no local.  

Por conta disso, um agente do controle de zoonoses faz uma visita periódica ao local, vistoriando e eliminando focos do mosquito. Porém, a quantidade de entulhos e o desabamento de dois pavimentos dificultam o trabalho. 

Procurada, a Prefeitura de Niterói informou que o prédio em questão é um imóvel particular e tombado pelo patrimônio público municipal e que a Secretaria de Fazenda está realizando um levantamento para identificar o proprietário do imóvel, para que o mesmo seja notificado pela Secretaria de Ordem Pública e providencie os reparos.