Missa de São Miguel Arcanjo movimenta paróquia em Niterói

Fiéis começaram a chegar na igreja desde as primeiras horas da manhã

Foto: Evelen Gouvêa

Durante os anos 80, médicos informaram ao irmão da aposentada Leila Mattos, de 70 anos, que o rapaz deveria amputar o pé, como resultado do avanço de um aneurisma. Ao precisar tomar uma decisão, Leila seguiu até a Igreja Nossa Senhora de Fátima, no bairro de Fátima, na Região Central de Niterói, e rezou para São Miguel Arcanjo, conhecido como patrono dos doentes, marinheiros e policiais. Semanas depois, foi avisada que o irmão não precisava passar pela cirurgia. Junto a ela, estavam centenas de fiéis na manhã desta sexta-feira (29) pela manhã na missa em homenagem ao santo. 

“São Miguel Arcanjo já me auxiliou com empregos, concursos, relacionamento com a família e em diversos desafios que tive nestas sete décadas de via. Eu não tenho mais o que pedir além de proteção. Apenas agradeço a tudo que ele pode me ajudar durante o período”, comentou Leila.

A Igreja realiza a missa em homenagem a São Miguel a cada dia 29 de cada mês e organizou a Tradicional Festa de São Miguel Arcanjo com uma programação especial para receber os fiéis, que chegam de diferentes partes do Estado. Durante a missa realizada nesta sexta às 8h, tanto a escadaria do prédio da Igreja quanto um anexo localizado ao lado do prédio estiveram cheios.

Enquanto na quarta e quinta-feira ocorreram apenas um momento para orações às 18h30 e missas em homenagem ao arcanjo às 19h, o dia foi reservado para uma série de atividades que envolveram toda a comunidade. Desde a manhã, às 6h, quando houve a abertura da igreja, centenas de devotos já esperavam para sentar no lugar mais próximo ao altar. Sessões de oração aconteceram às 7h, 10h30 e 16h30. Houve três missas - das 8h, 12h e 19h30 – além de um almoço solidário. Procissões, rezas no altar e queima de pedidos foram realizadas.

A publicitária e professora de Comunicação Social Kátia Falcão, de 47 anos, também relata que alcançou objetivos a partir da reza para o santo. Depois de passar uma situação de violência com o filho, ela acredita que o São Miguel Arcanjo tem muito a ensinar às novas gerações.

“Na tradição judaico-cristã, separamos este dia festivo para celebrar a força do santo. Vencendo Lúcifer, ele também nos ensinou a vencer nossos próprios medos. Ao mesmo tempo que ele é um anjo, sinto que ele é muito próximo a nós, pobres humanos”, comentou Kátia.

Voluntários venderam doces, salgados e lembranças em barracos em um espaço anexo ao prédio principal com o intuito de angariar fundos para a manutenção cotidiana da paróquia. Para o aposentado Nicanor Campanário, de 60 anos, iniciativas como as vendas na parte exterior da Igreja são importantes para que o trabalho realizado pela instituição possa envolver cada vez mais a comunidade do entorno.

“Nunca conseguimos custear todos os gastos, mas precisamos ajustar bastante. Colocamos uma série de barracas porque a ocasião é especial, mas sempre tentamos realizar algum tipo de venda durante as missas principais”, pontuou Nicanor.

São Miguel Arcanjo – No livro de Apocalipse, segundo o Cristianismo, o arcanjo (uma hierarquia maior do que um anjo) foi o comandante do exército de Deus contra a ação de um anjo rebelde, Lúcifer ou Satã. Como perdeu a batalha, Lúcifer foi atirado à Terra juntamente com os anjos caídos, de onde eles ainda estariam tentando “desviar o caminho da humanidade”. 

Nas religiões afro-brasileiras, o santo é sincretizado como o orixá Exu. Além disso, em Pernambuco, é sincretizado como o orixá Oxóssi.