Morre cineasta Nelson Pereira dos Santos

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Cineasta foi um dos fundadores do curso de cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF)

Foto: Divulgação/Ministério da Cultura

Morreu neste sábado (21), aos 89 anos, o cineasta Nelson Pereria dos Santos um dos grandes nomes do Cinema Novo. Com um tumor no fígado, diagnosticado há 40 dias, ele estava internado havia uma semana no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Um dos nomes mais importantes do Cinema Nacional, é diretor de mais de 20 filmes, entre eles clássicos como “Vidas secas” (1963), baseado no livro de Graciliano Ramos e considerado m dos filmes brasileiros mais premiados em todos os tempos, sendo reconhecido como obra-prima. Também dirigiu “Rio 40 graus” (1955), considerada obra inspiradora do Cinema Novo. Além de diretor, era roteirista de seus filmes. Dirigiu três baseados em obras de Jorge Amado, “O amuleto de Ogum”, “Tenda dos Milagres” e “Jubiabá”.

Nascido em São Paulo, em 22 de outubro de 1928, Nelson Pereira dos Santos consolidou uma forte ligação com Niterói: além de ter morado por muito tempo na cidade, ele foi um dos fundadores do pioneiro curso de cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF), sendo professor do Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF (IACS).

Em entrevista ao jornalista Julio Vasco, para o livro “Memórias de Niterói - 12 Depoimentos”, o cineasta falou, publicado em  sobre sua relação com a cidade. No começo dos anos 1960, ele morou com seus filhos pequenos na Rua Tavares de Macedo. 

“Conheci Niterói em um momento da maior importância da minha vida, em 1955, quando terminei ‘Rio 40 graus’ e o filme foi proibido pela polícia. Eu tinha um grande amigo, que era crítico de cinema do Diário Carioca, o Décio Vieira Otoni, casado com uma moça de família importante de Niterói. Ele me abriu caminho e, mesmo havendo a proibição, o governador do Estado do Rio organizou uma exibição do filme, aqui, convidando a Assembléia Legislativa, o Poder Judiciário, intelectuais, jornalistas. A sala ficou cheíssima, o filme foi aplaudido e eu guardei essa lembrança de Niterói. Foi o espaço humano, social e político que me acolheu”, disse. 

Na mesma ocasião, Nelson disse a Vasco que não tinha como definir um filme preferido. 

“Sempre que me perguntam qual é o meu filme preferido eu respondo: filme é igual a filho, não existe preferido, são todos filhos. (...) É difícil dizer, para mim, qual é o mais importante ou preferido. Eu teria que ficar falando de todos”, afirmou.

Bacharel em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Nelson já saiu da faculdade certo de que seria um cineasta. Ele ainda atuou como jornalista, tendo passagens por veículos como Diário da Noite e o Jornal do Brasil.

Imortal – Nelson ocupava a cadeira n° 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), desde 2006. O roteirista foi o primeiro cineasta brasileiro a se tornar membro da ABL.
O cineasta será velado nesta segunda-feira na Academia Brasileira de Letras, em horário ainda a ser confirmado.
Nelson deixa a esposa Evelise Ferreira, quatro filhos e cinco netos.