Músicos debaixo de armas na Zona Sul

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O crime aconteceu entre as ruas Itaperuna e Itaocara, onde moradores já passaram por outros assaltos

Lucas Benevides

Três músicos e um técnico de áudio passaram por momentos de terror na noite da última quinta-feira, no bairro do Pé Pequeno, Zona Sul de Niterói. Eles foram rendidos na Rua Itaperuna, às 22h, por cinco criminosos fortemente armados com pistolas e um fuzil. Eles tiveram pertences pessoais roubados, além de quipamentos de som, totalizando um prejuízo de R$ 7 mil.

Segundo Milton Roberto Soares, 26 anos, eles estavam conversando na calçada quando perceberam um carro, modelo S10, saindo da Rua Itaperuna em direção a Rua Itaocara. Menos de 30 segundos depois, o carro voltou pela contramão e em alta velocidade, quando os bandidos anunciaram o assalto.

“Nós estávamos conversando e percebemos o carro passando normalmente, quando de repente o veículo surgiu do nada e cinco caras já saíram apontando as armas para nós. Entre eles alguns aparentavam ser menores de idade. Um dos homens estava segurando uma arma que parecia ser um fuzil. Eles levaram minha mochila com os livros do curso, além de objetos pessoais e meu celular”, disse Milton, que realizou o registro na 77ª DP (Icaraí). 

O baterista Rafael Alfradique contou que os bandidos levaram dele um monitor de referência, avaliado em R$ 5 mil, além da carteira com os documentos e cartões bancários.

“É muito complicado essa situação. A gente sente uma sensação de impotência”, contou Rafael que por duas vezes já teve o carro levado por criminosos em São Gonçalo. 

O coronel Fernando Salema, comandante do 12º BPM (Niterói) informou que entre as ações para conter a violência no bairro está o reforço no patrulhamento das vias periodicamente. Além disso, o comandante reforçou o pedido para que vítimas de assalto façam registro de ocorrência para auxiliar a polícia no mapeamento e na redução da mancha criminal.
 
Rotina – Moradores relatam que os assaltos no bairro do Pé Pequeno e nos arredores da Rua Noronha Torrezão são constantes. Nesta via, em janeiro, câmeras de segurança registraram imagens de bandidos armados que desceram de um Volkswagen UP vermelho para roubar outro carro no cruzamento com a Rua Vereador Duque Estrada. No mesmo cruzamento, câmeras já haviam registrado, três dias antes, outra ação criminosa. Bandidos que estavam em um carro saltam do veículo para roubar uma moto que parou no sinal. 

Os crimes não param por aí. Um comércio de rações localizado na esquina também já foi assaltado por bandidos armados

Em novembro passado, o técnico em informática Bruno Fernandes de Oliveira foi morto ao sofrer um assalto na Noronha Torrezão. Bruno seguia de bicicleta para casa quando foi abordado pelos bandidos. Ele estava com um fone de ouvido e não teria escutado os gritos dos assaltantes. 

Já no Pé Pequeno, que fica atrás da Noronha Torrezão, em maio do ano passado, um policial militar à paisana prendeu um rapaz, de 19 anos e apreendeu dois adolescentes, de 17 anos, acusados de uma série de assaltos.  O trio foi capturado na Rua Itaguaí, por volta das 22h50, quando seguia em direção ao Cubango, na Zona Norte. Com eles foi apreendido um revólver calibre 32, além de pertences das vítimas. 

Em 2014, um arrastão feito por quatro homens armados deixou em pânico moradores e pedestres que transitavam pela Rua Itaocara. Os criminosos invadiram uma residência e fizeram um arrastão da altura do número 100 até próximo do número 150. Um senhor chegou a ser agredido por um dos homens, que estava armado com pistola. 

Em 2013, um cabelereiro foi assassinado dentro do próprio salão por um menor de idade na Rua Doutor Paulo César. Após cometer o crime, o adolescente fugiu pelo Pé Pequeno.

Também em 2013, duas casas foram assaltadas por bandidos armados na Travessa Saquarema em um intervalo de dois dias. Um idoso chegou a ser agredido por um dos criminosos, que fez um disparo dentro da residência. 

“Aqui era um bairro tranquilo. Por ser um bairro residencial, chama muita atenção dos bandidos. Pode perceber que depois das 20h ninguém fica mais na rua”, disse um idoso de 67 anos, lembrando  do neto, que estuda em uma escola do bairro, quando precisou sair mais cedo da aula por causa dos constantes tiroteios no Morro do Pé Pequeno.