Número de MEIs cresce 18% em Niterói

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Contadora Cláudia Lucas abriu um bistrô em sua casa, em Piratininga, após ficar desempregada após 20 anos numa empresa

Foto: Douglas Macedo

O número de pessoas cadastradas como Microempreendedor Individual (MEI) cresceu 18% em Niterói, no ano passado. De acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), a cidade registrou 27.172 aberturas de MEI, entre janeiro e dezembro de 2017, enquanto no ano anterior foram 22.973 novos registros. Neste ano, apenas em janeiro, 373 pessoas se cadastraram como MEI e a aposta da Firjan é que esse número triplique até o final do ano, em razão da crise financeira do país.

A lenta recuperação econômica do Estado somada à baixa demanda de oportunidades formais no mercado de trabalho impulsionou a busca por atividades individuais em diferentes áreas. Conforme pesquisa da Firjan, o segmento que obteve maior registro de microempreendedores individuais foi a área de transportes. Em segundo lugar no ranking estão as atividades relacionadas à saúde humana, seguida pelas áreas de engenharia, locação de mão de obra e atividades jurídicas.

“Com a queda de ofertas de empregos de carteira assinada é comum que os profissionais busquem novas alternativas de renda e invistam suas economias ou, até mesmo a própria rescisão em um negócio para dobrar o capital. Além disso, é válido ressaltar que por meio das atividades individuais os microempreendedores obtêm fácil acesso a empréstimos e máquinas de cartões, o que viabiliza o sustento dos serviços nos primeiros meses, quando o capital de giro do empreendimento ainda é baixo,” explica a economista Roberta Salles.

Formada em contabilidade, a moradora de Piratininga Claúdia Lucas, 55 anos, viu sua vida mudar em dezembro de 2016, quando perdeu seu emprego no departamento financeiro de uma grande empresa, após mais de 20 anos de atuação na área. Na tentativa de se recolocar no mercado de trabalho, a contadora se deparou com uma dura realidade: a defasagem salarial. Ela conta que, após receber propostas de emprego para exercer suas atividades profissionais por metade do salário anterior, decidiu  mudar de ramo e investir no próprio negócio.

Apaixonada por música e gastronomia, ela transformou sua casa em um aconchegante bistrô, com um toque artesanal, em agosto do ano passado. Com a ajuda dos familiares, ela decorou o espaço e comprou materiais de serviço, através de financiamentos. Hoje, ela revela que ainda paga dívidas relativas ao investimento inicial, mas garante que não se arrepende da decisão.

“Abro o Encanto bistrô apenas três vezes por semana e, atualmente, consigo viver da renda extraída do meu estabelecimento. Confesso que a formação em contabilidade me ajuda a administrar o negócio, porém, as chances de falência também eram grandes. Decidi investir nesse bistrô na cara e na coragem, porque eu não tinha capital de giro. Mas, eu sabia que a proposta do empreendimento era distinta e chamaria a atenção do público da Região Oceânica. Agora, conto com a ajuda de cinco funcionários,” revelou.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico Luiz Paulino Moreira Leite, o município vem incentivando o microempreendedorismo com o objetivo de reaquecer a economia da região. “A retomada do desenvolvimento econômico depende do fluxo de atividades comerciais e o microempreendedor tem um papel importante nesse cenário. Por meio da geração de renda, oferta de empregabilidade e da rotatividade monetária, será possível obter um efeito positivo diante da crise e aumentar as demandas de  prestação de serviços e venda de produtos na cidade,” assegura o secretário.

Paralelo ao crescimento no número de empregos formais, Niterói se destaca na região como a cidade que mais fechou vagas de empregos em 2017, totalizando cerca de cinco mil demissões. Segundo pesquisa da Firjan, 9.233 postos de trabalho foram extintos em 16 municípios da região Leste Fluminense. A analista de desenvolvimento econômico da Firjan Julia Pestana avalia que, apesar do efeito esmagador da crise, o panorama pode mudar a médio prazo.

“À medida que a economia se estabilize, a tendência é que os microempreendedores individuais recorram novamente aos empregos formais, em razão dos benefícios que garantem a segurança física e econômica do trabalhador. Inclusive, a perspectiva para os próximos anos é favorável para Niterói, devido aos recursos extraídos dos royalties de petróleo, que devem reparar parcialmente os prejuízos obtidos pela indústria naval”.