Perdão sem desculpa

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Depois do tumultuar a vida do país no final do mês de maio, causando prejuízo de milhões às indústrias, deixando a população desabastecida de comida e contribuindo para derrubar os primeiros sinais positivos da economia, as empresas transportadoras, multadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por não atender determinação de desobstruir estradas, foram pedir perdão. Só que não se arrependeram dos transtornos provocados na vida do país. Querem, sim, descontos, facilidade no pagamento e, em alguns casos, perdão completo das penalidades. 

Ontem, houve reunião na Advocacia-Geral da União (AGU). O encontro de conciliação foi conduzido pela advogada-geral da União, Grace Mendonça. Ela afirmou que a AGU não considera a flexibilização das penalidades como um objetivo a ser alcançado. O volume total de multas aplicadas às empresas pelo descumprimento de desobstrução das vias é da ordem de R$ 715 milhões. 

No último dia 20, o ministro Alexandre de Moraes, autor da decisão, após realização de uma audiência pública sobre a greve dos caminhoneiros, disse que o perdão das multas é impossível de ser concedido, mas, por outro lado, admitiu que poderá haver análise da situação de empresas que tinham veículos alugados por terceiros na ocasião do movimento.

É certo que será preciso separar o joio do trigo e praticar a justiça, tratando de forma diferente os desiguais. O que não pode é ninguém ser punido. 
Seria um desrespeito ao povo tão sofrido.