Reitor da UFF tenta reverter corte de verba e vai a Brasília

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O reitor Antonio Claudio já assumiu a UFF com déficit de R$ 30 milhões

Arquivo/Lucas Benevides

O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, deve ir a Brasília na próxima semana para se reunir com o ministro da Educação, Abraham Weintraub. De acordo com Nóbrega, a audiência foi solicitada com o objetivo de apresentar a UFF ao ministro. Além disso, a reitoria está preparando um evento para o próximo dia 15 para apresentar a universidade a toda a sociedade.

“A declaração do ministro sugere que ele conhece muito pouco sobre a UFF, com atuação em nove cidades do Rio de Janeiro e no Pará. Em todos esses campi nós temos serviços voltados para a população, como assistência jurídica, assistência jurídica fiscal, desenvolvimento de políticas públicas e sobre meio ambiente”, declarou. 

De acordo com o reitor, não se pode simplificar a atuação de uma universidade levando em consideração um evento com um tema ou outro que incomode e submeter toda uma comunidade acadêmica, que no caso da UFF são cerca de 50 mil pessoas, a uma decisão de corte de verbas que vai atingir a todos sem nenhum comunicado prévio sobre a alteração de orçamento. 

“Essa justificativa de baixo desempenho acadêmico não se sustenta, pois temos dados que mostram nosso crescimento nos últimos anos. Somos conceito 5 no MEC, o mais alto grau de avaliação concedido pelo próprio MEC”, afirmou.

Ainda segundo Nóbrega, caso a decisão não seja revista, o prejuízo para a comunidade acadêmica seria indiscriminável, principalmente com os estudantes que precisam da Assistência Estudantil, por se encontrarem em vulnerabilidade social, recebendo participação dos programas de Auxílio-Creche, Auxílio-Moradia, Auxílio-Saúde, Bolsa de Apoio aos Estudantes com Deficiência e Bolsa de Apoio Transporte. 

“O MEC diz que a Assistência Estudantil não será afetada, mas na verdade afeta a todos. Pois a decisão afeta o orçamento discricionário da universidade, como os serviços de energia, água, obras. Se gastarmos todo o nosso orçamento nessas contas, não vamos poder auxiliar os estudantes nas aulas práticas, nos trabalhos de campo, assim tudo isso vai ser sacrificado”, comentou o reitor explicando que o aluno mais pobre não terá condições de participar dessas aulas e trabalhos.

Antonio Claudio Lucas da Nóbrega assumiu a UFF há poucos meses, já com um orçamento pequeno. De acordo com ele, há pelo menos cinco anos que a IES vem sofrendo com perdas orçamentárias. “Assumi fazendo uma revisão no orçamento e agora temos mais uma perda. Tínhamos previsto para este ano um déficit de R$ 30 milhões, e com isso fizemos um ajuste técnico para caber no orçamento”, disse. 

Decisão – Na última terça-feira (30), o Ministério da Educação (MEC) anunciou o bloqueio de 30% do orçamento da UFF e da Universidade de Brasília (UNB) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O ministro Abraham Weintraub justificou a medida alegando “balbúrdia” nas instituições e elas permitiram a realização de eventos político-partidários e disse que “deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo”, dando como exemplos de bagunça “sem-terra dentro do campus e gente pelada”. 

No dia anterior, a UFF Gragoatá recebeu um evento sobre a reforma da Previdência intitulado de “UFF – Vamos Sem Medo: Organizar A Luta Contra O Fascismo”, com a presença de Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e candidato à presidência pelo Psol em 2018. 

Atos – A própria direção da UFF prepara, para o dia 15, uma ação para apresentar a universidade para a sociedade. O evento ocorrerá em todos os campi da instituição e busca mostrar todos os trabalhos desenvolvidos pela universidade e deve contar com o apoio de autoridades públicas e movimentos sociais. 

Na próxima quarta-feira, dia 8, o movimento estudantil da UFF vai promover uma manifestação a partir das 16 horas. A ação está sendo convocada pelo Conselho de Centros Acadêmicos e terá concentração no campus do Gragoatá e marchará em direção à Reitoria.