Remando com as baleias na Região Oceânica

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Uma cena comum até o século XIX e talvez início do século XX, quando a Região Oceânica era rota das baleias que seguiam para a Baía de Guanabara atrás e águas tranquilas para procriar, pode ser presenciada na manhã deste domingo (13), nas águas de Itaipu. Um grupo de cerca de 10 grandes mamíferos da espécie Bryde, que pode chegar a 16 toneladas, nadou próximo à costa, passando entre remadores de stand up paddle (SUP), caiaques e barcos. As baleias, que frequentemente subiam à superfície para respirar, soltavam potentes jatos d’água que se elevavam sobre o espelho d’água como se fossem chafarizes. Elas deram um espetáculo para quem estava no mar e também nas areias, como conta o instrutor de SUP Gustavo Mann. 

“Impressionante esse nosso encontro de hoje (13). Nunca tinha visto. Nasci no mar. Nasci na beira da praia e até hoje todos os dias eu estou dentro d’água. Seja treinando ou dando aula para as pessoas. E nunca tinha visto uma aparição dessa, tão íntima. Foram muitas baleias e estavam muito perto”, conta Mann.  

“A gente teve a felicidade de ser agraciado com essa visita. Tem mais ou menos um mês que algumas baleias aparecem no nosso cantinho de Itaipu, uma duas... uma vez três. Agora, oito, nove como foi hoje (13)... nossa! Estou neste esporte há muito tempo, há 10 anos, antes, competi de jet ski por uns 17, e nunca tinha visto isto. Via uma, duas baleias, esporadicamente. Agora, uma família inteira! E parecia que elas estavam brincando com a gente. Chamei os meus alunos e fomos todos pra lá, pro cantinho de Itaipu. E a baleia brincava com a gente.  Elas brincavam com a gente. A gente remava para cima delas. Elas apareciam e faziam a volta por trás da gente. Aí, quando a gente percebia elas estavam atrás da gente. Então, a gente voltava e ia para onde elas estavam. Elas faziam círculo com a gente. Impressionante!”, completa. 

As baleias, segundo pescadores da região, teriam sido atraídas para a costa por cardumes de pequenos peixes, como sardinhas. E parecem ter sido seduzidas pela beleza natural de Itaipu, pois continuam por lá até hoje, nadando próximo às ilhas Mãe e Filha, dando uma esticada vez ou outra até Camboinhas, onde foram filmadas neste fim de semana. No início, uma ou duas costumavam ser vistas por pescadores e banhistas, quase sempre ao lado de um filhote. Mas neste domingo cerca de 10 baleias deram o ar da graça, para alegria de todos que estavam na praia, inclusive este repórter que vos escreve e também não conteve a emoção de ver de tão perto um animal tão grande, do tamanho de um ônibus, que nadava e mergulhava a poucos metros da prancha: 

“Cheguei despretensiosamente por volta das 9 horas para remar e Gustavo, que conheci como instrutor e hoje tenho como amigo, me encontrou e chamou para ir na direção das ilhas porque disseram que as baleias estariam por lá naquele momento. Seguimos remando em grupo até que fomos surpreendidos quando elas começaram a subir à superfície. Dá um pouco de medo ficar tão próximo, a poucos metros de um animal tão grande. Mas foi incrível! Você se sente minúsculo diante da natureza. Pena que minha mulher e minha filha, que remam sempre comigo, não puderam estar lá nesta hora porque estão viajando. Seria mais incrível ainda curtir esse momento em família”.  

O registro em vídeo de Mark Adrian Hudson, mostra o momento em que várias baleias são flagradas próximas aos praticantes de stand up paddle. 

A baleia da espécie Bryde é uma das menos conhecidas. Ela pode ser encontrada em águas tropicais habitam boa parte do litoral brasileiro. Podem atingir até 15,5 metros e pesarem até 16 toneladas. Em média apenas um filhote é concebido. A Bryde foi intensivamente perseguida quando a caça era permitida, principalmente depois que as populações de outras baleias terem sido reduzidas abaixo dos níveis que a economia da época necessitava.  

A Baía de Guanabara, conhecida antigamente como berçário natural de baleias, foi vendo sua população de grandes mamíferos desaparecer ao longo dos anos até se extinguir, devido inicialmente à caça e atualmente à poluição e também ao grande fluxo de navios. Mas embora as baleias não usem mais o local para reprodução, muitas espécies ainda passam pela boca da baía durante sua migração neste período do ano.  

Os filhotes da Bryde ao nascerem medem em torno de 4 metros. As poucas informações sobre a espécie indicam que ela se alimenta primariamente de peixes pequenos como a sardinha, chegando a comer 600 quilos por dia.