Saúde: procura na rede municipal

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No Pronto Socorro Central em São Gonçalo, a movimentação foi intensa durante o dia

Marcelo Feitosa

Devido à crise na saúde do Estado do Rio de Janeiro e problemas nas atividades de algumas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em São Gonçalo e Niterói, os hospitais municipais estão sobrecarregados. Enquanto quatro unidades municipais de Niterói atenderam 981 pessoas, apenas duas unidades em São Gonçalo registraram 828 atendimentos.
Pelo menos é o que foi visto nesta terça-feira (28) no Pronto Socorro Central Doutor Armando Gomes de Sá Couto, próximo à Praça do Zé Garoto, em São Gonçalo.  

Segundo a Prefeitura de São Gonçalo, a unidade, que possui uma média de 150 atendimentos por dia, registrou durante esta terça-feira, 378. Os atendimentos demoravam em média duas horas.

“Eu nunca vi tanta gente junta nesse lugar. Pessoas vindo de Niterói, Maricá e até do Rio de Janeiro para vir se tratar aqui, é um absurdo”, contou uma funcionária que preferiu não se identificar.

Os casos mais graves da unidade, como acidentes, estavam sendo tratados como prioridade. De acordo com Anderson de Oliveira Júnior, socorrista da Cruz Vermelha, que chegou à unidade médica com um menino de 11 anos com um corte na cabeça, antes ele passou pelas UPAs de Itaboraí e Santa Luzia, em São Gonçalo, mas não conseguiu atendimento.  

“Nós tivemos em Itaboraí e Santa Luzia, me disseram que não tinha gente para atender. Ainda bem que aqui conseguimos”, desabafa. 

Já na Unidade Municipal de Pronto Atendimento da prefeitura, no bairro do Pacheco, a procura também foi grande durante toda esta terça-feira. Em média a UMPA atende cerca de 300 pacientes. Nesta terça foram mais de 450. 

Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde não respondeu aos questionamentos sobre as UPAs de Itaboraí e Santa Luzia.

Já em Niterói, esta terça-feira também foi de muitos atendimentos na rede municipal. Segundo a Fundação Municipal de Saúde, o Hospital Municipal Carlos Tortelly (HMCT) duplicou o número de atendimentos e o Serviço de Urgência do Largo da Batalha, o Serviço de Urgência da Engenhoca e o Hospital Getúlio Vargas Filho (Getulinho) apresentaram média de aumento de 30% a 40%. Ao todo, as quatro unidades atenderam 981 pessoas.

UPAs fechadas – Moradores de Niterói e São Gonçalo estão sofrendo com falta de atendimento nas UPAs. Segundo funcionários e pacientes, as unidades do Fonseca e do Colubandê estão com a falta de material e medicamentos. Sendo assim, mesmo tendo médicos no local, os pacientes são orientados a procurar outra unidade. Somente alguns casos, considerados mais graves, recebem atendimento. 

Quem chegava esta terça pela manhã na UPA do Fonseca buscando atendimento, passava por uma triagem. Caso não fosse atestada a urgência no atendimento, o paciente era orientado a seguir para um pronto-socorro ou hospital. 

“Eu passei mal a madrugada toda por causa dos rins. Vim aqui agora, tem médico, mas não pode me atender. O enfermeiro que me atendeu disse que não tem o medicamento que eu preciso para dor e mandou eu procurar o Azevedo Lima”, disse a aposentada Isaura Maria de Oliveira, de 66 anos. 

Já na UPA do Colubandê, em São Gonçalo, a situação era a mesma. Pacientes estavam indo ao local desde domingo sem conseguir atendimento.

Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde informou que fez um repasse no mês de junho para a Organização Social Lagos Rio, responsável pelas Unidades de Pronto Atendimento de Niterói e São Gonçalo I, e que todas as OSs estão recebendo repasses mensais parciais. A Secretaria reconheceu ainda a existência de débitos anteriores e vem solicitando às OSs que priorizem o pagamento de seus funcionários e a manutenção dos serviços. 

Ainda segundo a Secretaria de Saúde, cabe ressaltar que não vem recebendo a totalidade dos recursos previstos em seu orçamento, tendo em vista a grave crise financeira do Estado. A pasta lembra que é importante reforçar que todos os recursos disponíveis para a pasta estão sendo destinados, como prioridade, para a manutenção do funcionamento das unidades de saúde. A Secretaria de Saúde informou ainda que espera que a situação seja regularizada o quanto antes. 

Já a Organização Social Lagos Rio, responsável pelas Unidades de Pronto Atendimento de Niterói e São Gonçalo I, informou que parte do débito foi quitado, após um repasse da Secretaria de Estado de Saúde. As unidades seriam reabastecidas ainda nesta terça-feira e nesta quarta-feira (29) o atendimento seria normalizado. 

Com Camilla Galeano