Rotina de protestos pela cidade em meio à escuridão

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Durante a tarde, moradores da região de Santa Rosa fecharam a Rua Doutor Mário Viana, nos dois sentidos, ateando fogo em móveis e sacos de lixo, complicando o trânsito na via

Marcelo Feitosa

Mais de 40 horas após o temporal que assolou a cidade de Niterói na noite do último domingo, moradores de norte a sul do município ainda aguardam o restabelecimento do fornecimento de energia. Assim como na segunda-feira, nesta terça-feira (30) o dia foi marcado por protestos, diante da indignação de consumidores que somam prejuízos hora após hora.  Atos foram registrados em locais como o Barreto, Santa Rosa e Bairro Peixoto. 

Pela manhã, moradores do Barreto, que ficaram mais de 40 horas sem energia, fecharam parcialmente, nos dois sentidos, a Rua General Castrioto, complicando o trânsito na região.  Segundo eles, na noite de segunda-feira, equipes da Enel foram ao local para restabelecer o fornecimento de energia elétrica, mas os funcionários afirmaram que só poderiam realizar o reparo na rede se a árvore fosse removida.  

Moradores resolveram por conta própria, retirar a árvore dos cabos elétricos, a fim de agilizar o reparo da rede. Após a manifestação, uma equipe da Enel foi enviada ao local para realizar o reparo.

A manifestação foi contida por duas viaturas do 12º BPM. No início da tarde foi vez de residentes do Bairro Peixoto, em Itaipu, mostrarem a sua indignação com a falta de energia. No bairro da Região Oceânica de Niterói onde uma árvore atingiu a fiação deixando muita gente no escuro, os moradores, cansados de promessas sem solução por parte da distribuidora, se juntaram em um cerco para impedir que  um dos veículos da Enel fosse embora do local. Eles estavam com medo de que o problema não fosse solucionado mais uma vez.  De acordo com os residentes, funcionários da empresa voltaram duas vezes na mesma rua e não conseguiram resolver a questão da falta de energia. Após serem impedidos de ir embora, os funcionários da Enel arrancaram com o veículo para saírem de cerco realizado pelos moradores, que ainda aguardam uma posição da empresa.

Durante a tarde, foi a vez dos moradores de Santa Rosa ganharem as ruas para fechar a Mário Viana com paus, sacos de lixo e cadeiras. A via ficou fechada nos dois sentidos por mais de uma hora, complicando o trânsito na região. Agentes da Niterói Transporte e Trânsito (NitTrans) e policiais militares foram acionados para negociar a liberação da via. Moradores seguiram nas calçadas com cartazes e fritando palavras de ordem após a desobstrução. 

Manifestantes protestaram durante a manhã de ontem nas ruas do Barreto, na Zona Norte

Evelen Gouvêa

Sem luz - Pela cidade, moradores e comerciantes seguem sofrendo com a falta de energia. “No final do mês, vamos sentir o valor do prejuízo desses dois dias sem energia. Mas a conta da luz não atrasa, vai chegar e vamos ter que pagar. Nós cumprimos nosso compromisso, mas a Enel não. Até quando vamos ter que aturar essa situação?”, indagou um comerciante da Rua Visconde de Uruguai. 

Na Zona Sul de Niterói, moradores do Ingá, Icaraí, São Francisco e Jurujuba também tiveram prejuízos com a falta de luz na região. Moradores da Rua Carlos Marins, em Jurujuba, também realizaram uma manifestação no final da noite desta terça-feira (30). Na Rua Dr. Paulo Alves, no Ingá, moradores de um prédio de 16 andares estão às escuras desde a noite do último domingo. 

“As lâmpadas automáticas das escadas descarregaram, não dá para sair nem do apartamento, impedindo nosso direito de ir e vir”, disse a moradora Vanda Pinheiro.

Na Região Oceânica, os bairros mais afetados foram Piratininga e Itaipu. Em Pendotiba, moradores dos bairros do Sapê, Badu, Largo da Batalha e Maceió, relataram ficar com apenas uma fase da energia em suas casas. 

Wilson Monteiro, síndico do Condomínio Vila Floresta, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, em Pendotiba, disse que algumas casas ao entorno tiveram o serviço normalizado, mas o seu imóvel seguia sem luz, por mais de 45 horas.  

“São 60 famílias afetadas somente dentro do condomínio, é inaceitável”, afirmou.

Maricá – Já em Maricá, na Rua Guarani, em Itaocaia e na Rua Resende, no bairro Caxito, os moradores ficaram às escuras e sem nenhuma previsão de restabelecimento. 

Muitos consumidores se sentem lesados diretamente pela falta de energia elétrica. De acordo com o Procon, o serviço de fornecimento de energia elétrica, nos termos do artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor, tem de ser adequado, eficiente, seguro e contínuo. Assim, mesmo que a interrupção da energia ocorra sem culpa da concessionária, ela tem o dever de solucionar o problema e restabelecer o serviço rapidamente.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabelece, em sua Resolução 414/10, como regra (como nos casos de suspensão do serviço por falta de pagamento), que a Concessionária tem o prazo de 24 horas para religação normal de unidade consumidora localizada em área urbana e 48 horas para religação normal de unidade consumidora localizada em área rural. O descumprimento desse prazo só é justificável se a ocorrência for imprevisível, a inevitável, ou grave.

Enel - Procurada, a Enel Distribuição Rio informou que restabeleceu o fornecimento de energia para cerca de 95% dos clientes que tiveram o serviço interrompido em decorrência da chuva com fortes ventos e descargas atmosféricas que atingiu a área de concessão da empresa. 

(Colaborou Isabelle Villas Boas)