Para entender porque pensamos como pensamos é preciso visitar os perímetros culturais do mundo ocidental. São dois: o perímetro cultural indo-europeu e o perímetro cultural semita. Eles é que ditaram o nosso modo de pensar e de agir.
Do PARADIGMA INDO-EUROPEU fazem parte as culturas que possuem línguas indo-europeias, ou seja, quase todos os idiomas falados na Europa. Essa cultura nasceu há 4 mil anos ao redor do mar Negro e do mar Cáspio. Os livros sagrados dos Hindus, a filosofia grega e as sagas da Europa foram escritas numa mesma família de línguas.
O politeísmo é próprio dessa cultura, com vários mitos de núcleos comuns: as fontes da imortalidade, a luta entre o bem e o mal, os relatos da criação primordial. O mundo é um cenário de forças em permanente conflito. Mas o importante é garantir o final do drama que, naturalmente, deve ser a vitória do bem sobre o mal.
É próprio do paradigma indo-europeu abordar o mundo de forma especulativa. Foi daí que nasceu a filosofia grega. No Oriente, ao contrário, não há especulação. Há luta, sim, mas nunca a dúvida a respeito do final: no fim, o bem sempre vencerá.
Para os indo-europeus o sentido privilegiado era a visão. Grandes visões cósmicas nos chegaram em representações pictóricas na escultura, pintura e literatura. Mas a característica mais importante era a visão cíclica da história. A história se move em círculos, caminhando ao redor de um anel, sem começo nem fim, numa eterna alternância entre nascimento e morte, como as estações do ano.
Também é dada grande ênfase à Presença Divina em todos os lugares, e à união do homem com a Divindade através do insight religioso. O caminho dessa união era feito pela passividade, a reclusão e a ascese, ideias próprias da vida monástica, que veio depois.
Já para o PARADIGMA SEMITA, a crença no Deus único gerou um monoteísmo radical que influenciou Cristãos e Muçulmanos.
A história caminha de forma linear: Deus criou o mundo, Deus estará no fim de tudo, num juízo final. Esse pensamento incrementou outro traço importante: o papel que a história representa para que Deus realize sua vontade no mundo criado. Daí a necessidade de registrar a história. Esse registro se encontra no núcleo das escrituras sagradas das religiões monoteístas.
Como é a história que define a vida, o objetivo é se ver livre do pecado que impede o deslanchar rumo a Deus.
Não era a visão, mas a audição o sentido principal. Daí o papel central que a leitura em voz alta ocupa nas celebrações religiosas. Daí também a proibição de imagens, presente no Judaísmo e no Islamismo.
Se no Cristianismo floresceram imagens, foi porque ele nasceu exatamente na junção entre os dois paradigmas, bem ali, no meio dos dois mundos. O pensamento cristão nasceu de mãe judia, mas foi amamentado por ama grega.
É por isso que pensamos como pensamos. Não somos nem mais nem menos fiéis às nossas origens. Somos fruto da nossa história. Simples assim!
Somos fruto da nossa história
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