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Foto: Evelen Gouvêa
No último dia dez de julho, o prefeito de São Gonçalo, José Luiz Nanci, exonerou o então secretário de Educação Diego São Paio (Rede), alegando insatisfação com os resultados obtidos, apontando precariedade no serviço de merenda e falta de professores nas escolas municipais. No lugar de São Paio, que, em seu pronunciamento de despedida recebeu o apoio de dezenas de diretores de unidades de educação, entrou o professor José Augusto Abreu, do partido de Nanci, PPS. Mas parece que a tão esperada mudança não repercutiu em nada no serviço aos estudantes da cidade. Na Escola Municipal Presidente Castello Branco, em Brasilândia, os alunos, desde o início do ano, vêm sendo liberados mais cedo.
Na unidade, quando o problema não envolve a falta de professores, envolve a merenda. Quando não envolve merenda, envolve a falta de uniforme. O final das contas é sempre o mesmo: alunos saindo mais cedo da escola. Desde o início do ano letivo, os pequenos estão sem aula de Português e de Ciências.
“Agora o fogão quebrou, né? Então a gente tá sendo liberado mais cedo desde a semana passada porque não tem como servir comida. A gente só tem todas as aulas na segunda-feira. O resto é cheio de tempo vago, porque não tem professor. Até a segurança da escola fica ruim, né? Porque eles não deram uniforme esse ano, então qualquer um pode entrar de blusa branca”, disse o aluno do oitavo ano, Caio, de 13 anos.
Na Creche Municipal Formando Vidas, no Mutuaguaçu, crianças não tiveram aula na última segunda-feira por conta da falta de merenda.
“O descaso piorou no último mês. Antes não estava tão ruim. Meu filho não teve aula ontem (na última segunda-feira) porque não encaminharam a merenda. Chegou só nesta última terça, atrasada. É uma vergonha. Esse governo é uma vergonha, despreparado”, disse o pai de um dos pequenos, que preferiu não se identificar com medo de retaliações. Segundo ele, em São Gonçalo, “tudo funciona na base da politicagem e uns três vereadores da base do governo mandam e desmandam na secretaria”.
Mas o problema não se estende apenas a estas unidades. A Escola Municipal José Manna Junior, no bairro Antonina, também sofre com a precariedade. Segundo estudantes do quinto ano da unidade, do turno da tarde, às vezes é necessário que o expediente escolar se encerre mais cedo por conta da falta de refeição.
“Tem dia que a gente sai 15h, 15h30, porque não tem lanche. Há uns dois meses, o almoço tinha arroz, feijão, purê, frango. Às vezes era fígado, carne. No lanche, era mingau, Nescau ou café e biscoitos. Agora, a gente almoça ovo com arroz e feijão, e às vezes eles colocam uma cenoura no arroz para disfarçar. Às vezes, mas é muito raro, tem uns franguinhos. Quando não tem almoço, tem fruta. O lanche é um potinho de mingau”, disse um aluno, que teve o depoimento atestado por quase uma dezena de colegas.
A avó de uma das alunas também confirmou a informação. “Tem dia que eu tenho que ir buscar ela mais cedo por causa [da falta] do lanche sim. Ano passado era bem pior. Aí, no início desse ano, melhorou, mas agora a merenda está ficando um pouco caidinha de novo”, disse a dona de casa Irecê Pereira, de 51 anos, moradora do Mutondo.
Outro lado – Procurada, a Secretaria de Educação de São Gonçalo alega que todas as refeições oferecidas nas unidades estão normalizadas desde o início da gestão, e que não há nenhuma interrupção ou falta de merenda. Ainda segundo o Executivo, atualmente é oferecido um cardápio planejado com base nos princípios da nutrição, garantindo que os valores nutricionais necessários sejam alcançados.
“Os alunos do primeiro turno recebem café da manhã e almoço, enquanto que os do segundo turno fazem o almoço e lanche da tarde. Unidades que funcionam no turno da noite oferecem janta aos estudantes”, disse a nota do município.
Audiência pública – Na última semana, o vereador Professor Paulo (PCdoB) protocolou, na Câmara Municipal de São Gonçalo, pedido de audiência pública para tratar especificamente da merenda escolar, em decorrência das sucessivas denúncias. A data ainda não foi agendada.
“Estamos na fase de diálogos com o sindicato dos professores, conselhos e com a comissão de educação da Câmara”, disse o vereador.
São Gonçalo: rede está sem merenda e sem professor
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