Terreno tira o sono dos vizinhos

Cidades
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Área, que inclui um terreno com árvores e um conjunto de lojas abandonadas, preocupa os moradores de Santa Rosa.

Foto: Marcelo Feitosa

Um conjunto de imóveis abandonados na esquina entre a Avenida Almirante Ary Parreiras e Rua Doutor Mário Viana está tirando o sono de muitos moradores de Santa Rosa, na Zona Sul de Niterói. Pneus, latas de tinta, garrafas, montantes de lixo e outros recipientes são alguns dos objetos que podem ser encontrados no local. Todos acumulam água e servem como pontos de procriação do mosquito causador da dengue, Zika e Febre Chikungunya. 

O terreno assusta os moradores por sua dimensão e abandono. O local engloba grande parte do quarteirão, estendendo-se até a Avenida Padre Francisco Lanna. Nesta via funcionavam lojas de mecânica, que foram todas desativadas e quebradas. Os entulhos permanecem no local e já fazem parte de um cenário de destruição. Em meio a mobilizações nacionais para o combate ao Aedes aegypti, os focos do mosquito podem ser facilmente encontrados no local.

Segundo moradores do bairro, o terreno e o conjunto de lojas teriam sido vendidos para a rede de supermercados Mundial. Procurada, a empresa informou que “tem como política não comentar sobre os terrenos e negociações”. Já a Prefeitura de Niterói limitou-se a dizer que fará um levantamento para descobrir se o terreno foi realmente vendido. 

“Quando tudo começou a ser quebrado, falaram que o terreno ia virar um mercado. Achei boa a ideia, pois é um espaço grande. Mas, até agora, nada de obra. Enquanto isso os mosquitos só aumentam”, denunciou o zelador de um prédio vizinho, Paulo Marcos Santos, que ainda revelou que dois moradores do edifício relataram caso de Zika na última semana.

Quando chove, a preocupação aumenta. No andar superior das lojas abandonadas, poças se formam e também se tornam focos do mosquito. O risco de uma epidemia já assusta os moradores do entorno. 

O jornalista Vinícius Martins mora em frente ao terreno. Sua filha, de 18 anos, teve Zika na última semana. 

“É um absurdo. Vivemos uma epidemia e o poder público deixa a situação desta forma. Além da minha filha, minha vizinha e um amigo que mora em um prédio próximo também estão doentes. Esse terreno precisa ser limpo rapidamente”, disse.

Repelentes – Com medo, a prevenção através do uso de repelente se tornou uma prática constante entre os moradores da região. 

É o caso do encarregado de mecânica Rafael Amorim, de 56 anos, que usa o produto diariamente para evitar ser infectado pelo vírus. 

“Da minha casa dá para observar que tem muita caixa-d’água aberta com água parada. É certo que ali tem muito criadouro do mosquito. Vivo passando repelente. Nunca peguei dengue ou Zika, mas tenho muito medo”, contou Rafael, que mora em um prédio nos fundos do terreno. Segundo ele, há cerca de um mês uma equipe esteve no local para cortar as bananeiras, que também acumulam água e propiciam a proliferação do mosquito. “Quando cortaram as bananeiras eu achei que ia melhorar. Porém, no mesmo dia, os mosquitos subiram e invadiram os prédios. Eram muitos mosquitos”, reclamou.

De acordo com a Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (Clin), o dono do terreno deve manter o local limpo e cercado. 

A Prefeitura de Niterói informa que vai averiguar quem é o proprietário do terreno, que será multado em R$ 687,64.