Vamos falar sobre mobilidade Urbana?

Cidades
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Para iniciarmos a conversa, pegaremos emprestado alguns conceitos do Urbanismo Modernista. Segundo esse movimento, para que uma cidade esteja dentro de padrões aceitáveis de mobilidade sustentável, deverá haver quatro funções básicas dispostas entre si: 1) habitação; 2) trabalho; 3) recreação e; 4) circulação. As três primeiras devem ser cuidadosamente distribuídas de acordo com um plano de zoneamento. A circulação, a 4º função, deve estabelecer a comunicação adequada entre as outras três de forma harmônica.  

A partir dessa premissa, surge a indagação: quais metrópoles brasileiras possuem circulação harmonizada entre a casa, trabalho e recreação? Mesmo o Distrito Federal, cidade projetada nos moldes e conceitos do urbanismo modernista, dotada de arquitetura urbana com vias largas e várias faixas de rolamento, com poucos cruzamentos (idealizada para automóveis), após cinquenta anos de sua construção, sofre com os problemas de mobilidade. A maioria das cidades metropolitanas, como Niterói, cresceu em população, habitação e números de veículos à revelia de qualquer planejamento futuro. 

Tratar as cidades como caóticas é lugar comum entre meios de comunicação e, no imaginário dos habitantes das metrópoles. Neste enganoso senso comum, há quem aponte como principal responsável pelo caos no trânsito somente a incompetência dos governantes, atuais e antecessores. De fato, décadas se passaram e pouco foi feito em investimento na infraestrutura viária ao longo dos anos. As dimensões das ruas e avenidas não acompanharam o crescimento desenfreado dessas cidades. A aglomeração de pessoas nas metrópoles resultou num inchaço, tanto habitacional quanto de espaço urbano, refletindo diretamente na sua mobilidade. 

Para se ter um ideia do absurdo em que vivemos em matéria de mobilidade, se uma pessoa levar cerca de 2 horas no trajeto residência-trabalho, ao longo de 15 anos o tempo perdido no trânsito equivalerá a 1 ano e 6 meses de prisão em regime fechado, em um veículo de transporte!  

Ora, bem sabemos que isso não é qualidade de vida. E, é justamente nessa perspectiva que se discutem novas soluções para uma cidade sustentável. Descobrir o passado, entender o presente e planejar responsavelmente a mobilidade para gerações futuras.