Ao som da viola de gamba

Por

O 4º Encontro Brasileiro de Viola da Gamba, acontece no Teatro da UFF, em Icaraí

Foto: Divulgação/Luiz Alberto Guimarães

Uma arte rara, mas que poderá ser conferida pelo público de Niterói neste fim de semana, em uma ampla programação totalmente gratuita. Com objetivo de promover a difusão e estimular o interesse pela viola de gamba em todo o território nacional, desta sexta-feira (7) a domingo acontece o 4º Encontro Brasileiro de Viola da Gamba, no Teatro da UFF, em Icaraí.

“Somos o único evento voltado a esse instrumento no Brasil, que começou aqui na cidade, passou por Brasília, Londrina e, agora, retorna. De lá pra cá, felizmente, tivemos um crescimento expressivo e, só este ano, teremos 33 músicos participantes vindos dos mais diversos estados”, comemora uma das organizadoras e membro da Associação Brasileira de Viola de Gamba, Kristina Augustin.

O encontro, que teve sua primeira edição em 2015, reúne participantes de vários estados brasileiros e visa estimular a união dos gambistas e luthiers, que se dedicam à manutenção e construção das violas, assim como incentivar a troca de experiências e conhecimentos dos músicos.
Por ser um evento anual e ter um caráter itinerante, de acordo com a produção, sua realização amplia a divulgação do instrumento, fomentando a acessibilidade dessa arte rara às diferentes regiões do Brasil.

“Todos os músicos participantes pagaram a própria passagem e hospedagem. Não existe formação e, que eu saiba, há apenas um curso de formação em Brasília deste instrumento. Eu mesma lecionava uma extensão na universidade de onde saíram cinco gambistas, mas que não existe mais. Esse encontro também pretende sensibilizar e manter viva essa arte. Por isso é itinerante”, argumenta a professora.

A gambista Sarah Mead, autoridade no instrumento que se apresenta neste sábado no Teatro da UFF

Foto: Divulgação

Surgida na Espanha no século XV, a viola da gamba posteriormente foi levada para a Itália, onde recebeu este nome (“gamba” significa “perna” em italiano). Em meados do século XVI, o rei Henrique VIII contratou alguns gambistas italianos, que introduziram o instrumento na corte inglesa, conquistando a estima da nobreza, encontrando sua verdadeira pátria musical, ganhando um repertório específico. No século XVIII, reinou nos salões da nobreza francesa e alemã, vindo terminar seus dias novamente na Inglaterra, em torno de 1787.

“É um instrumento caro, de difícil aquisição e com um repertório que data basicamente da renascença inglesa. Há pouquíssima composição contemporânea. O público vai ter a oportunidade de conferir uma música muito rara nessas apresentações”, ressalta Augustin.

Programação – Totalmente gratuita, a programação, hoje, às 19h30, no Teatro da UFF, traz o Arcos – quinteto de violas da gamba, grupo que surgiu como quinteto em 1986, com grande desejo de divulgar o repertório para a viola da gamba.

A grande atração do evento, a americana Sarah Mead, se apresenta neste sábado (8), também às 19h30, no Teatro da UFF. A gambista é mestre em Música Antiga pela Universidade de Stanford com graduação em História da Música e Regência Coral pela Universidade de Yale. É também professora convidada do Trinity College of Music, em Londres, e da Easter Viol School, na Austrália. Atua nos Conselhos da Viola da Gamba Society (VdGSA) e da Early Music America (EMA). Desde 2010, Sarah também é diretora musical do conclave anual para a Sociedade de Viola da Gamba da América.

O concerto de encerramento do evento acontece domingo (9), às 10h30, no Cine Arte UFF, e reunirá cerca de 30 gambistas provenientes de vários estados brasileiros, unindo amadores e profissionais que se dedicam ao estudo do instrumento. Serão apresentadas obras que foram trabalhadas durante as oficinas do encontro, terminado com um tributo ao poeta espanhol Juan del Encina. 

O Centro de Artes UFF fica na Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí. Até domingo, em diversos horários. Entrada franca. Classificação: livre. Telefone: 3674-7515.

  • Tags: