Arte de longo alcance

Por

A apresentação no Festival Beijing Comedy Week, em setembro, aconteceu sem nenhum tipo de modificação do espetáculo

Foto: Divulgação

Por Andre Bernardo
andré.bernardo@ofluminense.com.br

O surgimento da vida, a extinção dos dinossauros, a expansão marítima da Europa, as grandes guerras e também eventos que marcaram a história brasileira, como a chegada dos portugueses, a escravidão, a ditadura militar e a repentina morte do ex-piloto Ayrton Senna são alguns elementos que estão em cena em “Hominus Brasilis”, em cartaz no Teatro Dulcina até o dia 17 de dezembro de quarta a domingo, às 19h. Responsável pela montagem, a Companhia de Teatro Manual, fundada em Niterói, comemora, além dos seus três anos, o fato de ter se apresentado em setembro na China, no Festival Beijing Comedy Week.

Helena Marques e Matheus Lima, que fundaram a companhia em 2011, nunca imaginaram chegar tão longe em tão pouco tempo. Matheus conta um pouco de ter atravessado o planeta para realizar um sonho.

“A experiência na China foi incrível! Ter a oportunidade de apresentar fora do Brasil e em um país tão distante e diferente culturalmente é renovador para nós e reforça cada vez mais o caráter universal do espetáculo. Não mudamos absolutamente nada na peça para as apresentações na China. O espetáculo foi exatamente o mesmo. Nós utilizamos o recurso da legenda (nos raros casos de fala ou para auxiliar com alguma informação de caráter histórico), mas, no geral, a linguagem do teatro físico, gestual, da comédia física mostrou-se mais uma vez universal. É claro que algumas culturas compreendem algumas coisas de forma diferente de outras, mas o interesse sempre existe. E essa leitura diferente do espetáculo é fascinante. Enfim, hoje temos uma compreensão clara de que a peça ‘chega bem’ para todos e cada um extrai dela o que mais lhe toca”, revela.

O espetáculo - “Hominus Brasilis” estreou em 2014 e, no mesmo ano, foi indicado a dois prêmios: O de Melhor Direção no Prêmio Shell e na categoria especial pelo estudo no espaço cênico através da plataforma no Prêmio Cesgranrio. Logo depois, eles se apresentaram em Buenos Aires, na Argentina, e em Chicago, nos Estados Unidos.

Um dos grandes fatores para o sucesso do espetáculo é a linguagem cênica que é aplicada. Todas as cenas são feitas sobre uma pequena plataforma retangular de madeira, sem cenários e nem adereços, ou seja, os atores contam as histórias com um olhar irreverente utilizando apenas o corpo e a voz.

No Brasil, a Companhia de Teatro Manual já soma mais de 200 apresentações e 9 mil espectadores em passagens por teatros do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Maranhão. 

“O espetáculo tem, na minha visão, dois pilares importantes que contribuem para esse caráter universal: a temática, que é a história do homem no mundo, suas lutas de classe e sua luta pela sobrevivência, algo absolutamente universal, e a linguagem cênica, que é a forma como essa história é contada. A técnica da plataforma, que utilizamos na peça, permite que toda a teatralidade seja explorada de forma que o espectador se torna ativo dentro da apresentação. Sem auxílio de cenários e adereços, os corpos constroem imagens de florestas, dinossauros, guerras, navios... é um teatro de imagem”, explica Matheus lima.

O Teatro Dulcina fica na Rua Alcindo Guanabara, 17, Centro do Rio de Janeiro. Quarta a domingo, às 19. Entrada: R$ 30 (inteira). Classificação: 12 anos. Telefone: 2240-4879. 

  • Tags: