Arte para ser sentida

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Uma exposição que propõe a exibição de uma série de trabalhos escultórios que mesclam escultura, microarquitetura e design

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Uma exposição que propõe a exibição de uma série de trabalhos escultórios que mesclam escultura, microarquitetura e design, assumindo, assim, referências a projetos de contracultura. O Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) recebe pela primeira vez na cidade a exposição “Parque Funcional”, do artista paulistano Beto Shwafaty, com abertura no próximo sábado, dia 2, às 8h.

O projeto surgiu de um interesse amplo do artista pelas potencialidades que existem nas linguagens da arte, da arquitetura e do design, tanto estéticas quanto políticas.

“A primeira ideia de criar a exposição surgiu durante um período em que cursava um mestrado em Milão. Ali, a presença da arte, arquitetura e do design impactam de um modo muito singular, pois a cidade foi, desde a década de 1920, um dos pólos europeus de inovação dessas áreas. Posteriormente, fui me interessando pela história da arte moderna ligada a movimentos sociais, principalmente por episódios em que arte, arquitetura, design e política se encontravam, momentos em que dividiram talvez uma mesma história e ideologia progressistas. A partir dessas observações, constatei que hoje, talvez, a arquitetura e o design acabam estando muito mais perto das pessoas do que a arte, pois assumem funções específicas nos sistemas produtivos atuais, ainda que estejam um pouco distantes das tipologias progressistas que me interessam”, relembra Beto. 

Após o visitante passar pela exposição, Beto espera que o contato com as peças possa ajudar as pessoas a ativarem um certo tipo de sensibilidade e atenção às relações com os espaços e objetos

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A mostra, contemplada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015, é um projeto em desenvolvimento, e teve início, esse ano, no Complexo Cultural da Funarte, em Brasília. A exposição chega ao MAC apresentando uma nova concepção em torno da arte decretada pelo museu. As peças estarão expostas somente no pátio do MAC. 

“O MAC está recebendo muito bem a exposição porque a proposta do museu é ampliar o entendimento de arte, e que ela pode ter uma relação direta com o corpo. Essa exposição convida o público a tocar nas peças, é, literalmente, um parque funcional onde o visitante interage com todas as peças. É uma interação que convida o público a descansar ou brincar e ter um momento de relação direta com o lazer”, conta o curador Raphael Fonseca. 

Beto desenvolve um trabalho – baseado em pesquisas sobre espaços, histórias e visualidades – no qual conceitualiza questões políticas, sociais e culturais na área da arte. O título da exposição, como em grande parte dos projetos e obras do artista, é de grande importância para o entendimento geral.

 “O nome indica um campo de ação e de pensamento ligados ao universo das atividades, do mundo lúdico, do parque de esculturas, e remete ao mesmo tempo ao universo das funções, dos dispositivos que a todo momento nos rodeiam e auxiliam nas diversas tarefas e atividades cotidianas. É uma forma, também, de refletir sobre certos discursos que delimitam uma não funcionalidade para a arte, como se tal característica fosse algo inerente à mesma, o que não é o caso”, diz. 

Após o visitante passar pela exposição, Beto espera que o contato com as peças possa ajudar as pessoas a ativarem um certo tipo de sensibilidade e atenção às relações com os espaços e objetos, e perceberem as possibilidades da arte e outras linguagens atuarem nas escalas das necessidades diárias, que são tanto funcionais quanto estéticas. 
“Espero que essa oportunidade de exibição pública possa ter algum impacto sobre os discursos relativos à função e lugar do artista no mundo de hoje, e também ao entendimento mais amplo da abrangência e papel que a arte pode assumir na sociedade contemporânea, em que o capitalismo imaterial se espalha por todas as esferas”, declara o artista. 

O MAC fica no Mirante da Boa Viagem, s/n, Boa Viagem, em Niterói. Abertura sábado, às 8h. Visitação: todos os dias, das 8h às 18h. Entrada franca. Censura: livre. Telefone: 2620-2400. Até 15 de outubro.

 
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