A primeira e, até o momento, única adaptação teatral autorizada para a obra cinematográfica do controverso cineasta dinamarquês Lars von Trier entra em cartaz no Centro de Artes UFF em curtíssima temporada, desta sexta-feira (30) até segunda, às 20h. Após o sucesso nos palcos do Rio de Janeiro, chegou a vez de Niterói se emocionar com o musical “Dançando no Escuro”.
Das telas para o palco, o espetáculo nasceu do desejo dos atores-produtores Juliane Bodini e Luis Antonio Fortes de trazer para o teatro a adaptação do premiado filme homônimo de Lars von Trier. O longa foi estrelado pela cantora islandesa Björk, que também compôs todo o repertório musical da obra sobre o drama de uma mulher com uma doença degenerativa que a leva à cegueira, seu desmedido amor pelo filho e as injustiças por ela sofridas.
“Foi uma ideia muito ousada. Queríamos contar essa história rica e forte, que a gente achava que combinava com o teatro. Começamos a busca pelos direitos, foi uma burocracia muito complexa. Esbarramos na falta de profissionais para etapas das adaptações e os direitos estavam com um agente literário em Nova Iorque. Acabamos tendo que ir lá. Enfim, uma loucura”, lembra Luis Antonio Fortes, ator e idealizador do espetáculo.
A história se passa em 1964. Selma Jezková é uma tcheca com doença hereditária degenerativa que a faz perder a visão. Um drama que também vai acontecer com seu filho, Gene, de 12 anos. Mas saber que nos EUA existem médicos que podem operar seu filho a fez mudar e viver como imigrante na América. Para tentar salvar Gene de um futuro dramático como o seu, ela será capaz de tudo.
“Também sofremos com esse momento em que a cultura é tão desprestigiada politicamente em nosso País. Um verdadeiro desmonte. Ganhamos um edital de fomento e sofremos um calote, o que dificultou bastante continuar com o espetáculo. Tive que vender meu carro, entre outras coisas, para dar continuidade. Felizmente, a reação do público tem sido incrível. No Rio, teve um excelente boca a boca. É um espetáculo super contagiante, com dança, onde todos se envolvem e torcem pela protagonista. Uma história cheia de esperança”, ressalta Luís.
O elenco é composto por nove atores, além de quatro músicos, dois deles cegos, um multitecladista e um baterista, que tocam ao vivo a trilha sonora. As atrizes Juliane Bodini e Cyria Coentro interpretam as personagens que no filme de Lars von Trier foram de Björk e Catherine Deneuve.
Com cinco musicais no currículo (“Rock in Rio - O musical”, “Cazuza, pro dia nascer feliz - O musical”, “O beijo no asfalto - O musical”, todos dirigidos por João Fonseca, “Raul fora da Lei” e “Cassia Eller - O musical”, pelo qual foi indicada como Melhor Atriz Coadjuvante), a atriz e cantora Juliane Bodini interpreta a protagonista da história, que, no cinema, rendeu um Cannes de Melhor Atriz para Björk.
“O filme é uma grande inspiração, uma referência. Além de ser um longa com muitos fãs, a Bjork também acaba chamando muito gente para o teatro. Ela é minha grande inspiração, mas tive que criar uma Selma para o teatro, tive que encontrar uma ‘cegueira corporal’ para o palco”, revela Juliane.
A premiada atriz Dani Barros dirige esta montagem, que conta com direção musical e arranjos de Marcelo Alonso Neves. A adaptação para o teatro é do nova-iorquino Patrick Ellsworth e teve os direitos comprados em 2015.
O Teatro da UFF fica na Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói. Deste sábado (30) a segunda, às 20h. R$ 50 (inteira). Classificação: 14 anos. Telefone: 3674-7511.