Dança, teatro e corpo

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O espetáculo tem colaboração do elenco, composto por Ciro Sales, Juliana Linhares, Marina Vianna e Oscar Saraiva. Aos 89 anos, a bailarina Angel Vianna é a atriz convidada

Foto: Divulgação

No dicionário, a palavra “tempo” está definida como “duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro”. Essa é apenas uma das muitas definições que a palavra carrega. No espetáculo “O Tempo não dá Tempo”, foi optado falar sobre o tempo presente, que aflige e nos torna solitários, em contraponto ao tempo da memória, do cuidado, aquele que foge do relógio e permite brincar. Em curta temporada, a peça estreia no dia 18 no Oi Futuro Flamengo, e fica até dia 25 de fevereiro, de quinta a domingo, às 20h.

Em criação coletiva, a peça conta com direção de Duda Maia, dramaturgia de Oscar Saraiva, Gonçalo M. Tavares e Gregório Duvivier, que assina pela primeira vez a dramaturgia de um espetáculo teatral.

“A peça trata de uma experiência sensorial, quase sem texto, onde o público tem participação fundamental para criar a sua própria dramaturgia a partir das imagens que serão vistas em diferentes espaços do Centro Cultural Oi Futuro. Essas imagens são encenadas por intérpretes de diferentes gerações, o que potencializa a ideia de tempo”, conta Duda.

O espetáculo também tem colaboração do elenco, composto por Ciro Sales, Juliana Linhares, Marina Vianna e Oscar Saraiva.

“Estou encarando o desafio de ser intérprete/criador do projeto com gratidão. Aliás, eu mesmo propus, a partir do momento em que concebi esse projeto e convidei a Duda pra entrar neste barco junto comigo. Estou muito feliz e grato, desta forma que me coloco no espetáculo, assim como em todos os desafios da minha profissão, com muita humildade, dedicação para dar conta do recado e entendendo sempre que tudo é um processo, não me sentindo pronto em nenhum momento e nem pronto para nada, mas sim, sempre aprendendo”, afirma Ciro Sales.

Numa montagem itinerante, que ocupará o teatro, as escadas, o café, o terraço, o elevador e outros espaços do Oi Futuro, diferentes gerações de atores se reuniram nesta obra multifacetada. A bailarina e coreógrafa Angel Vianna, que está celebrando 90 anos de vida em 2018, é a atriz convidada do espetáculo.

“A experiência de dirigir é única e instigante, sempre parece a primeira vez. Sou uma diretora da pesquisa e não de soluções prontas. Penso mais sobre o que os atores podem construir a partir do tema, do que em resolver a cena. A partir de um trabalho coletivo, realizado com os atores e a equipe técnica, o espetáculo vai surgindo e, muitas vezes, mesmo imagens que me vêem à cabeça aparecem de outra forma quando o ator se apropria delas. Gosto de ficar dias investigando uma cena com os atores, encontrando o caminho de cada um. Em ‘O Tempo não dá Tempo’, tem sido uma experiência riquíssima pela diferença de idade entre os atores, e, especialmente, por estar dirigindo Angel Vianna, que foi minha mestra durante 16 anos. Com ela, aprendi tudo que sei sobre corpo. Angel hoje está com 89 anos e nos ensina todos os dias que todo tempo é tempo para fazer o que gostamos”, garante Duda.

O elenco está em trabalho de composição para a peça desde setembro do ano passado e as atividades não param.

“Até a estreia, estaremos vivendo o momento de preparação para o espetáculo. Acredito que trabalhar com a Duda tem esse aspecto muito importante de estar sempre se preparando. Começamos fazendo um trabalho de nivelamento corporal dos atores, com aulas corporais para a Duda conhecer o corpo dos intérpretes e também para entender uma expressividade coletiva e de cada um, e em que ponto os corpos desses atores dialogam. É um trabalho muito físico, o que é uma das características do trabalho da diretora, já que ela vem da dança. Então, estamos sendo preparados para o encontro entre a dança, o teatro e o corpo”, expõe Ciro.

Duda Maia é formada pela Escola de Dança Angel Vianna, onde lecionou dança contemporânea durante 13 anos. Já assinou a direção de diversos espetáculos que tiveram expressivas cenas corporais.

“Por vir da dança, cada espetáculo que dirijo apresenta uma linguagem corporal muito marcante, e para isso, sempre inicio meus processos com um treinamento físico para preparar os atores. O corpo do ator é o motor do meu trabalho, só começo a construir a cena, ou colocar um texto, depois que encontro um corpo que captura o meu olhar. No caso desse espetáculo, quase não temos texto, a dramaturgia está no movimento, logo, essa preparação corporal foi demorada e intensa. E continuamos fazendo aula, diariamente”, conta.

O Oi Futuro Flamengo fica na Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, no Rio. De quinta a domingo, às 20h. Preço: R$ 30 (inteira). Classificação: 14 anos. Telefone: 3131-3060

 

 

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