Diversidade no palco

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À esquerda: “A sobrancelha é o bigode do olho – Uma conferência do Barão de Itararé”, à direita: “Dois amores e um bicho”

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Há 10 anos, o ator, diretor e produtor cultural Fabio Fortes saía encantado da mesa de jurados do “Festival de Esquetes de Cabo Frio” (FESQ), determinado a trazer para Niterói um festival de teatro com proposta similar. Assim nasceu o “Niterói em Cena”, que começou como um festival de cenas curtas e, hoje, recebe mostra de espetáculos, a mostra competitiva de cenas curtas e oficinas, de 12 a 24 de setembro, no Teatro da UFF, no Teatro Abel e no Teatro Popular Oscar Niemeyer.

“Uma cidade como Niterói merece um festival de teatro e a 10ª edição traz coisas muito especiais. Foram mais de 250 grupos do Brasil inteiro que se inscreveram para participar. Vamos receber grupos que se empenham muito para fazer um teatro de qualidade e de experimentos. Na mostra competitiva, por exemplo, temos pessoas de diversos lugares do Estado, como Niterói e São Gonçalo. Já na mostra de espetáculos, temos grupos do Brasil e um do Peru - é a primeira atração internacional que o evento recebe”, comenta Fábio entusiasmado.

Esta edição contempla produções dos estados de São Paulo, da Bahia, de Minas Gerais, do Distrito Federal e do Rio de Janeiro. Na Mostra Competitiva de Cenas Curtas, dentre as 28 cenas, concorrem os grupos fluminenses Cia. Ávida, com “Jogo da Velha”; o Ato I Cia. de Teatro, com “A Boneca e A Borboleta”, de São Gonçalo; o grupo Papel Crepon, com “Audiência do capeta”; Odara Produções, com “O Anjo Azul Acerca de Tudo”; a Oficina Social de Teatro, com “Caim”; e Agromelados Cia. Teatral, com “Os Construtores de ponte”, de Niterói. Nos dias seguintes às apresentações das cenas curtas, o crítico teatral Rodrigo Monteiro fará um debate mostrando sua visão sobre cada cena.


Acima: “O diário de Genet”, mais acima: “A farra do Boi Bumbá”

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O festival também recebe oito oficinas para atores que buscam formação com grandes profissionais, ministradas por Duda Maia, Marcos Bulhões, Moacir Chaves, Rodrigo Portella, Márcio Libar e Atawallpa Coello. Nos dias 14, 15 e 16, das 10h às 14h, o peruano Atawallpa Coello, que trabalha com teatro de rua há 20 anos, comanda uma oficina de acrobacia cômica.

“Na oficina, serão trabalhados elementos de acrobacia aliados à comicidade, através de exercícios individuais e grupais, experimentando jogos, equilíbrios e movimentos de agilidade. Ao final, eles farão uma demonstração do que foi explorado. Vai ser um belo festival com muitas trocas! O acesso gratuito, que democratiza e possibilita o acesso a produções de diferentes lugares e linguagens cênicas, tem certamente um grande impacto social, na formação de plateias e na fruição de ideias e pensamentos”, pontua Atawallpa. 

Já no dia 17, também às 10h, o dramaturgo e diretor artístico Rodrigo Portella, que estava em cartaz com o espetáculo “Tom na Fazenda”, oferece uma oficina de quatro horas em que discorre sobre a relação entre espectador e ator reverberando em outros encontros: o dele com o público, dos atores com os diretores e entre os próprios atores em cena. 

“De maneira geral, vejo os atores e diretores se envolvendo em treinamentos verticais e intensos, mas pouco se fala sobre o encontro do espectador com o ator, que é o que caracteriza o fenômeno teatral. Vamos falar da necessidade de tornar esse encontro uma experiência potente, honesta e interessante para todas as partes, assim o ator tem a consciência de como o seu trabalho será recebido pelas pessoas”, explica Rodrigo. 

Fechando a 10ª edição do festival, no dia 24, o ator Marcio Libar apresenta o “Workchoque”, uma palestra-show na qual compartilha sua experiência em cena, conquistada ao longo de 30 anos de carreira. Com o auxílio de um palhaço que cai, que tropeça, que perdeu o trabalho, Marcio pretende gerar um impacto e ensinar os valores da palhaçaria. 

“Esse arquétipo apresentado choca uma sociedade de vencedores. Mas a filosofia do palhaço não é a idolatria da perda e, sim, a aceitação da mesma. A arte do palhaço é a arte de quem se levanta depois da queda e é essa que comove”, filosofa Marcio.

À esquerda: “Três Cigarros & A Última Lasanha”, à direita: “Inka Clown Show”

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O “Niterói em Cena”, que agora conta com o patrocínio da Caixa Cultural, é um espaço de intercâmbio entre os agentes da cena teatral contemporânea.

“Queremos fomentar novos grupos, consolidar aqueles que existem e promover um espaço para que a classe teatral de Niterói discuta o teatro”, conclui Fabio. 

O Teatro Popular Oscar Niemeyer fica na Rua Jornalista Rogério Coelho Neto, s/n, no Centro de Niterói. O Teatro da UFF fica na Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, em Niterói. O Teatro Abel fica na Rua Mario Alves, 2, Icaraí, em Niterói. Confira a programação completa no site www.niteroiemcena.com.br


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