Muitas pessoas conhecem a atriz Letícia Sabatella por seus marcantes papéis nas novelas. Mas ela carrega uma veia artística muito extensa, sem limitações. Nascida em Belo Horizonte, onde morou até os 4 anos, Letícia se mudou, ainda criança, com sua família para Curitiba. E foi nessa cidade que teve seu primeiro contato formal com a arte, inicialmente com o balé e o teatro. Mas, para ela, esse ofício se iniciou bem antes, quando ainda era pequena e observava sua avó e sua mãe cantarolarem. Nascia ali a Letícia cantora, que poucos ainda conhecem.
O lado musical da artista se justifica, já que sua mãe, Marilza Sabatella, é dona de uma voz única. E esse encontro de gerações se transformou em um show que será apresentado nesta sexta (30) e sábado, às 20h, no Teatro Municipal de Niterói, no espetáculo “Muitas Águas”.
“Neste mês que homenageia as mulheres, pensei junto com a Marilda e a Lucienne, diretoras do Teatro Municipal de Niterói, que esta seria uma excelente oportunidade de estar dando a mão à minha mãe para que ela pudesse trazer à tona as canções que contam sua trajetória de sonhos”, justifica Letícia.
O nome do espetáculo é referência à cidade onde Marilza nasceu, Anhumas, que significa “Muitas Águas”. Assim, o repertório escolhido por ela é uma reunião de suas referências musicais, desde canções rurais a clássicos do rádio. Entre elas estão “Volver a Los Diecisiete”, de Violeta Parra, “Estrada do Sol”, de Tom Jobim, “Legata a un granello di sábia”, de Nico Fidenco, “Grão de Areia”, de Paulo Soledade, “Moon River”, de Frank Sinatra, “Samba do Arnesto”, de Adoniran Barbosa, “Tocando em Frente”, de Almir Sater, entre muitas outras.
“No repertório, músicas que narram uma trajetória afetiva da vida da minha mãe. As canções que guiavam o seu imaginário, que falam da natureza, dos sentimentos. Músicas de filmes que ela assistia, no Cinema de Itajubá, que tocavam no rádio, das festas na fazenda”, adianta a atriz, que nunca escondeu que sua veia artística vinha de casa.
Em cima do palco, toda delicadeza presente na personalidade da atriz dá lugar à sua força vocal, que impressiona.
“O show tem sido construído ao longo de uma vida de cantorias. Mamãe canta o tempo todo, e isso é uma coisa que vem de família. Minha avó cantava muito e em diversos momentos. Enquanto costurava para fora em sua máquina de pedal, enquanto cozinhava, muito bem por sinal, enquanto arrumava sua casa e cuidava das crianças. Os cantos de trabalho. Os cantos de sonhar, de criar as cores e a arte no dia a dia. Fui formada por esses sonhos e, através deles, me tornei a artista que sou.
Para Letícia, sua primeira ligação com sua mãe veio nas suas primeiras horas de vida. Desde então, as duas mantêm essa conexão aflorada.
“Minha mãe deu à luz uma menina no dia 8 de março de 1971, quando aguardava o médico, na sala de pré-parto, sozinha. Na verdade, sozinha não, porque eu estava ali com ela. Só nós duas, na primeira hora do dia 8, eu nasci, por suas mãos. Ela teve um parto rápido, sem muita dor, como diz. Foi um momento entre eu e ela, o meu nascimento. E eu sinto que toda a minha voz, este espaço da arte na minha vida, devo imenso aos sonhos desta mulher, da minha mãe”, relembra com afinco.
Além da participação de Letícia, o espetáculo conta ainda com as participações especiais de Tiago Portella, Renata Zé, Minerin, Demian Pinto, André Sachs, Iwan Sabatella e Fernando Alves Pinto.
“Os convidados são pessoas e artistas fantásticos, sublimes, que têm coração, talento e alma sensível. Neste show, que também dirijo, temos uma falange de músicos incríveis como anjos, e somos uma rede de proteção para ela se jogar. Eu sou uma parceira vocal em algumas canções e canto umas em parceria com Sachs (violão) e Mineirinho (viola). Faço segunda voz em várias canções. A delicadeza e o amor coordenam as intervenções e a harmonia sonora”, conclui.
O Teatro Municipal de Niterói fica na Rua Quinze de Novembro, 35, no Centro de Niterói. Sexta e sábado, às 20h. Preço: R$ 30 (inteira). Classificação: livre. Telefone: 2620-1624.