Entre a razão e a emoção

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Nas obras de Leonardo Luz, não existe uma forma preconcebida. Muito pelo contrário. A execução é que vai definindo os passos seguintes

Lucas Benevides

A programação de setembro do Espaço Cultural Correios de Niterói não para! Depois das exposições “Quarto de Hipólita” - uma apresentação de bonecas Barbie modificadas -, “Traços que o tempo não pode apagar”, abordando uma temática racial, e “Sertões”, de Dimitrius Borja, com fotografias, objetos paleontológicos, geológicos, vídeos e mapas retratando o sertão do Cariri e a Chapada do Araripe, é a vez do artista Leonardo Luz expor seu trabalho “Objeto Quase Identificado”, que faz um diálogo entre razão e emoção a partir do dia 15, a partir das 11h.

“É um quebra-cabeças onde as peças não se fecham ou quase se identificam e, por isso mesmo, talvez se signifiquem. Uma espécie de somatórios de ‘quases’ que dão num quase-tudo, num quase-objeto”, filosofa o artista, que tem como ponto importante de seu trabalho a organização dos elementos constituintes dos trabalhos.

Nas obras de Leonardo Luz, não existe uma forma preconcebida. Muito pelo contrário. A execução é que vai definindo os passos seguintes. A folha de papel é organizada em campos e esses contêm começos e términos não definidos por qualquer ideia de continuidade.

“Busco nesses trabalhos explorar ao máximo esse diálogo através de formas geométricas que bordejam formas orgânicas. Abstratos que, às vezes, se insinuam num quase figurativo. Linhas, planos e cores vão sendo desenhados e pintados sem tentar esconder o gesto, este também serve de diretriz, apontando direções e possibilidades”, explica o artista, formado em Arquitetura pela UFRJ. 

Apesar de trabalhar em uma área diferente, ser artista sempre foi um sonho para Leonardo. 

“Venho cada dia mais dando voz a esse meu lado. Mesmo assim, não me arrependo de minha formação. Hoje, vejo que ela é muito útil no meio artístico”, ressalta o artista, que, hoje, vive de seu trabalho como arquiteto e sonha em, um dia, tornar a arte seu único ofício.

É possível ver através das linhas, planos e cores que vão sendo desenhados e pintados em suas produções a influência da arquitetura, que serve também de diretriz, apontando novas direções e possibilidades. 

Na verdade, existe uma grande discussão sobre arquitetura ser arte ou não, pois o profissional de arquitetura é responsável apenas pela forma do ambiente construído e não pelo seu conteúdo. Por outro lado, os maiores e mais influentes arquitetos do mundo têm feito uso de geometrias cada vez mais exóticas, transmitindo, desse jeito, seus interesses pessoais. Alguns a abraçam como arte enquanto outros defendem a responsabilidade social da arquitetura como seu maior atributo.

“Para mim, pelo menos, está clara sua importância em minha exposição”, enfatiza.

Com um total de 34 obras, esta é a primeira exposição feita exclusivamente por Leonardo.

 
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