Época de Beatles, The Rolling Stones, da música de protesto, da Guerra Fria, do movimento de contracultura, do surgimento do Clube da Esquina. “Foi a época dos anos dourados! Uma década revolucionária, onde fomos agraciados com tantas maravilhas culturais e históricas”, é assim que o diretor da peça “Tutti Frutti”, Marcello Caridade, define a década de 60, período que ambienta o espetáculo. A peça, criada em 1994, estreia sua nova montagem no Teatro Popular Oscar Niemeyer neste sábado (22) e fica em cartaz por curta temporada. As sessões acontecem aos sábados, às 20h e aos domingos, às 19h, até 30 de outubro.
De autoria de Marcelo Lino e Marcello Caridade, o espetáculo foi criado com outro nome: “Sonho Dourado”, mas ganhou o definitivo “Tutti Frutti” em 2000, quando o elenco do musical mudou para os integrantes da antiga série “Sandy e Junior”. A comédia musical é direcionada ao público jovem e adulto, com as características dos clássicos filmes da Sessão da Tarde. De acordo com Marcello, a inspiração para criar a história foi essa. “Da época em que os filmes tinham no elenco Sandra Dee, Doris Day, Bob Daryn, Elvis Presley. Quando a juventude tinha uma inocência sadia. Tem também um pouco das histórias de nossos parentes – meus e de Marcelo Lino”, comenta Caridade.
Ambientada em um tempo “pré-golpe”, “pré-ditadura”, a história revive a época de ouro de uma juventude que realizava seus sonhos, sem que ninguém os abafasse com regras, dogmas e conceitos fabricados. Para contar a história, um grupo de 10 jovens entram em cena. “Encontramos aqueles rapazes de jaqueta de couro e aquelas garotas de saias rodadas no último ano do ginásio, encarando a realidade de terem que começar a ser adultos. É o último tempo que esses garotos têm de realizar seus desejos. A moça encontra o rapaz, perde o rapaz, encontra outro e vivem felizes para sempre. Nessa trama inocente e cor-de-rosa discutimos o primeiro amor, política, drogas, virgindade e todos aqueles assuntos que até hoje continuam obscuros e inexplicáveis”, revela Marcello.
Segundo o diretor, nenhuma alteração foi feita na montagem desde a versão de 2000, o que, para ele, se tornou um revival após 16 anos. A expectativa é de que a aceitação seja boa, já que falam sobre as emoções que um adolescente vive nessa fase da vida. No elenco, estão Bianca Oliveira, Carol Mesquita, Diego Cruz, Erick Cola, Fernanda Guerreiro, Lucas Terra, Luiza Boldrini, Marcelo Mattos, Matheus Lana e Raquel Penner.
O ator Diego Cruz, um dos protagonistas da peça, no papel de Betão, passou por dois dias de testes, até que fosse escolhido. No primeiro, foi avaliado canto e dança e, no segundo, aconteceu o teste de cena. “Betão é o típico ‘rei do colégio’: marrento, desejado por todas as garotas, mas muito esnobe com elas. Com o decorrer da peça, vemos quem ele é de verdade. Eu assisti muitos filmes como ‘Grease’ (1978) e ‘Cry-Baby’ (1990), com o Johnny Depp. Além disso, tive o auxílio do Marcelo, que também me passou várias referências”, conta o ator, que aproveita para pontuar bem-humorado suas diferenças e relação ao seu personagem: “Sempre fui tranquilo em relação as meninas”.
Glorinha, interpretada por Carol Mesquita, é a “mocinha” romântica do espetáculo. A menina sonha com o príncipe encantado e recebe poesias toda semana de um admirador secreto. “Eu fiz dois anos de curso com o Caridade e participei dos espetáculos ‘Hair’ e ‘Grease’, então já tinha me preparado para o papel há um tempo. Vi filmes, histórias e romances antigos. Minha personagem tem muito de mim, mas somos diferentes ao mesmo tempo. Ela é mais sonhadora, mas somos determinadas, seguimos o que acreditamos e sabemos pedir desculpa quando estamos erradas”, finaliza.
O Teatro Popular Oscar Niemeyer fica na Rua Jornalista Rogério Coelho Neto, s/nº, no Centro de Niterói. Sábado (22), às 20h. Sábados, às 20h; e domingo, às 19h. Até 30 de outubro. Preço: R$ 50 (inteira). Censura: livre. Telefone: 2621-5104.