Registro musical de uma era

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Espetáculo relembra um período que revelou nomes da MPB como Chico Buarque, Elis Regina, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros

Foto: Divulgação/Cynthia C. Santos

Sucesso absoluto junto ao público do Rio de Janeiro, tendo realizado mais de 30 apresentações desde a sua estreia, em 2016, o espetáculo “MPB – a Era dos Festivais” retorna a Niterói neste fim de semana, às 16h, e nos dias 22 e 23, às 20h, no Teatro da UFF, em Icaraí.

A peça celebra o repertório de ouro da Era dos Festivais, que marcou a geração dos anos 1960. Uma época em que o País revelou talentos como Elis Regina, Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo e vários outros grandes artistas.

“Uma geração repleta de talentos geniais, fazendo músicas que nos soam tão simples, mas que, na verdade, possuem uma estrutura harmônica, melódica e poética de alta sofisticação. Essa geração é mítica e inigualável”, elogia o diretor musical e idealizador do espetáculo, Edu Krieger.  

Com direção musical do compositor carioca, a mostra leva ao palco Nina Wirtti, considerada uma “revelação fulgurante” e um dos maiores destaques da nova geração da MPB, em músicas que mantêm sua força no imaginário brasileiro e oferecem uma resposta de paz e diálogo aos tempos atuais.

“É um somatório dessa memória afetiva com o cuidado que tivemos na elaboração do show, desde a pesquisa de repertório até os arranjos criados pelo Marcelo Caldi. O público percebe o quanto estamos emocionalmente envolvidos com as canções e acaba se emocionando junto”, revela o diretor. 

 A apresentação também revela a atualidade das canções nascidas há cinco décadas e a importância da preservação desse legado, que se tornou referência matriz para toda a produção da MPB desde então. No roteiro, destacam-se sucessos como “Arrastão” (Edu Lobo e Vinícius de Moraes), “A Banda” (Chico Buarque), “Disparada” (Geraldo Vandré e Theo de Barros), “Ponteio” (Edu Lobo e Capinam), “Alegria, alegria” (Caetano Veloso), “Pra não dizer que não falei de flores” (Geraldo Vandré) e “Fio maravilha” (Jorge Ben Jor), entre vários outros.

A pesquisa de repertório levou em conta os principais festivais de música realizados nos anos 1960, exibidos pelas TVs Excelsior, Record, Rio e Globo. Destaque para o Festival da Música Popular Brasileira e Festival Internacional da Canção. Os arranjos são assinados por Marcelo Caldi, um dos mais reconhecidos da nova geração brasileira. 

“Chegar a esse repertório foi uma tarefa complicada porque, entre 1965 e 1972, período que abrangemos no show, foram compostas talvez centenas de grandes canções e obviamente muitas tiveram que ficar de fora. Apresentar canções consagradas por intérpretes como Elis, Nana Caymmi e Jair Rodrigues é sempre um grande desafio, mas nosso público é muito generoso e percebe que no palco há artistas que são frutos da era dos festivais, mas que carregam consigo outras referências, outras linguagens, e isso dá um tempero, um frescor na sonoridade”, revela Krieger, que não esconde a emoção da equipe com o projeto.

“É um somatório dessa memória afetiva com o cuidado que tivemos na elaboração do show, desde a pesquisa de repertório até os arranjos criados pelo Marcelo Caldi”. 
O show revela, ainda, como as letras e melodias desse repertório falam fundo na alma das pessoas, pois são constituintes de nossa identidade cultural. Ao provocar emoção, também evocam diálogo – um diálogo de gerações, pois os artistas presentes no palco são filhos diretos da geração dos anos 1960. 

Apesar da diversidade temática das canções, é possível notar um traço comum entre os versos, os quais aludem a uma espécie de “devir Brasil”, um sentimento tácito de otimismo e luta por um País e uma sociedade mais democrática e igualitária. Uma MPB que embalou um sonho modernista, de unir o Brasil através de sua cultura, num franco diálogo antropofágico.

“Tocar em Niterói tem sido sempre uma experiência indescritível, com o teatro lotado e uma plateia entusiasmada e acolhedora. Esperamos repetir essa festa no Teatro da UFF, onde já nos sentimos em casa”, conclui o diretor. 

O Teatro da UFF fica na Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, em Niterói. Sábados e domingos. Dias 15 e 16, às 16h, e dias 22 e 23, às 20h. R$ 60 (inteira). Classificação livre. Telefone: 3674-7515.

 

 

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